quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mais de 45 mil congoleses fogem de campos para deslocados internos rumo à Goma

(clique no mapa acima para vê-lo em melhor resolução)

Goma (RDC), 30 de outubro de 2008 (ACNUR) –Desde a última semana, dezenas de milhares de congoleses assustados fugiram de dois campos para deslocados internos em Kibati, no leste da República Democrática do Congo, e seguiram para Goma, capital da província de North Kivu.

Mais de 45 mil deslocados internos, incluindo 30 mil que haviam chegado em Kibati há poucos dias, fugiram devido ao medo de que o conflito entre tropas do governo e rebeldes estivesse se aproximando da cidade.

Uma equipe do escritório do ACNUR em Goma trabalhava em Kibati quando o pânico começou. “Assim que viram militares vindo do norte, as pessoas começaram a fugir e corriam em todas as direções”, disse um funcionário da agência da ONU para refugiados. Em poucas horas, as ruas de Goma ficaram lotadas e testemunhas descreveram a situação como um caos completo.
Mais de mil congoleses fugiram de um vilarejo rumo à Uganda nos últimos dias e outras centenas ainda devem cruzar a fronteira para escapar da escalada da violência no país. Os refugiados afirmaram ter partido da vila de Rugama, que fica há cerca de 17 quilômetros da fronteira.

“Eles estão andando desde ontem, porque o vilarejo onde viviam foi atacado por rebeldes. Eles estão bem, ninguém está machucado”, afirmou um funcionário do ACNUR que entrevistou os recém-chegados.

Os moradores da vila disseram que mais de 1,5 mil pessoas estavam a caminho de Uganda. Eles irão se juntar aos 4 mil refugiados congoleses que cruzaram a fronteira para o distrito de Kisoro, no sudeste de Uganda, desde agosto.
Uma funcionária do ACNUR que faz parte da missão conjunta de avaliação enviada para Busanza (Uganda) na semana passada afirmou que entre os congoleses que chegam no país há muitas mulheres e crianças que desejam permanecer na fronteira.

“Essas pessoas querem ficar na fronteira para poderem retornar assim que os rebeldes se forem”, disse ela, adicionando que os congoleses estão hospedados por familiares ou ugandenses e por isso não necessitam de assistência imediata.

A agência da ONU para refugiados e outros membros desta missão, que inclui também o Programa Mundial de Alimentos, o UNICEF e o governo de Uganda, estão buscando meios de ajudar a comunidade local e as autoridades a lidar com a crise.

Os funcionários do ACNUR afirmaram que o grande fluxo de pessoas afetou o preço dos alimentos e os centros de saúde na região não possuem medicamentos suficientes para atender toda a população. A aumento populacional está pressionando também os serviços sanitários. 
Apesar de os recém-chegados em Busanza desejarem permanecer na fronteira, um funcionário do ACNUR disse que mais de 500 congoleses seguiram nos últimos dez dias para o acampamento de refugiados de Nakivale, localizado há 350 quilômetros da fronteira.

O conflito em North Kivu intensificou-se no fim de 2006. Em janeiro deste ano, estimava-se em mais de 800 mil o total de deslocados internos na província. O ACNUR assiste atualmente cerca de 100 mil pessoas em seis campos e outras dezenas de milhares estão abrigadas em mais de 40 acampamentos improvisados por toda a região. As agências de assistência humanitária estimam que quase 1 milhão de deslocados internos vivam em North Kivu.

Por funcionários do ACNUR em Goma, RDC
Com colaboração de Roberta Russo em Busanza, Uganda

Fonte: ACNUR

Nenhum comentário: