quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Novos deslocamentos na República Democrática do Congo preocupa ACNUR


A agência da ONU para refugiados informou no dia 31 de Outubro passado que recebeu novos relatos preocupantes de deslocamento de civis devido ao conflito na República Democrática do Congo (RDC). De acordo com parceiros humanitários do ACNUR, diversos campos para deslocados internos próximos à cidade de Rutshuru, na província de North Kivu, foram forçadamente esvaziados, saqueados e queimados, resultando no deslocamento de aproximadamente 50 mil pessoas.  

“Estamos tentando verificar esses relatos, mas a insegurança tem dificultado nosso trabalho. Estamos extremamente preocupados com o destino desses milhares de deslocados que vivem nestes campos, incluindo Dumez, Nyongera e Kasasa que são administrados pelo ACNUR, além de vários outros acampamentos improvisados”, explicou em Genebra o porta-voz da agência Ron Redmond.  

A área ao redor de Rutshuru, onde o ACNUR possui um escritório, tem sido palco de conflitos nas últimas semanas e está atualmente sob controle de rebeldes.  

Diante desses novos relatos, o Alto Comissário da agência da ONU para refugiados, António Guterres, pediu novamente o fim do conflito na RDC e que todos os lados envolvidos respeitem os princípios humanitários e garantam segurança aos civis e aos que estão tentando ajudá-los.  

“Como trabalhadores humanitários, precisamos garantir assistência para as vítimas o mais rápido possível, mas o ambiente é extremamente volátil, caracterizado por relatos de abusos generalizados de direitos humanos e ilegalidade. Estamos fazendo o possível para ajudar as vítimas, mas a solução deve ser política e eu peço a todos os lados envolvidos que encerrem este conflito”, disse Guterres esta manhã. 

De acordo com os funcionários do ACNUR em Goma, capital da província de North Kivu, a situação hoje está calma, porém tensa. Uma equipe está tentando chegar em Kibati, há 10 quilômetros da cidade, para checar os relatos de que os 45 mil deslocados que haviam fugido de dois campos desta região nos últimos dias devido à aproximação de forças rebeldes estariam começando a retornar.  

Além disso, muitos congoleses estão deixando o país em busca de segurança. De acordo com a equipe do ACNUR em Busanza, Uganda, cerca de 2,5 mil já cruzaram a fronteira nos últimos três dias. Aproximadamente 600 refugiados chegaram no local esta manhã e afirmaram ter partido de Rugarama e caminhado mais de 20 horas. 

Outros 1,2 mil refugiados fugiram para Ruanda e passaram esta quinta-feira numa escola em Gisenyi. Eles já receberam assistência do ACNUR, mas não querem ser registrados e transportados para o centro de trânsito. Na quarta-feira, quando uma equipe da agência retornou na escola para avaliar as necessidades, muitos refugiados já haviam voltado para Goma para verificar suas propriedades e buscar famíliares deixados para trás ou haviam se mudado para Gisenyi. 

“Está claro que teremos que pedir mais fundos para cobrir as novas necessidades. Precisamos distribuir rapidamente toldos de plástico, cobertores, esteiras para dormir, mosquiteiros, utensílios de cozinha e material sanitário. Provavelmente teremos também que criar novos campos para os deslocados”, afirmou Redmond.

Fonte: ACNUR

Nenhum comentário: