terça-feira, 27 de outubro de 2009

GAIRE

Olá Visitante,
o Grupo de Assistência aos Refugiados (GARE) tem o prazer de anunciar a sua mudança de nome para se adequar à ampliação da temática do Grupo de Assessoria integrante do Saju (Serviço de Assessoria Jurídica Universitária). Sem mais delongas, chamamo-nos pelo nome que hoje assina esse último post nesse blog (GAIRE) e, portanto, temos o imenso prazer de indicá-lo à nossa nova página virtual: http://www.gairesaju.blogspot.com. Aguardamos sua visita ao site.

Att.
GAIRE.
gaire.saju@gmail.com

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Grupo de 300 imigrantes ilegais chega ao sul da Itália; 1 morre

Um total de 300 imigrantes ilegais que navegaram por vários dias pelo Mar Mediterrâneo, em meio a condições adversas, chegaram nesta segunda-feira à Itália rebocados por embarcações do governo do país, que informou sobre a presença de um morto no grupo.

Segundo fontes da Capitania dos Portos da província de Catânia, na Sicília, sul do país, o corpo corresponde a um homem adulto, que viajava a bordo da embarcação havia vários dias, junto a cerca de 46 mulheres - quatro delas grávidas - e 29 crianças.

Os imigrantes ilegais foram escoltados ontem pelo petroleiro italiano Antignano, de águas maltesas para a Itália, onde hoje as autoridades do país se encarregaram do grupo, que chegou no porto de Pozzallo, no sul da Sicília.

Dez dos sobreviventes da travessia foram transferidos a um hospital próximo, devido às precárias condições de saúde que apresentavam.

Depois que as autoridades de Malta decidiram não intervir na ajuda, por considerarem que os imigrantes que não estavam em perigo, as italianas se encarregaram da situação e o navio "Antignano" forneceu comida e medidas de primeiros socorros ao grupo, até que a embarcação em que estavam foi escoltada por duas lanchas da Guarda Costeira da Itália.

União Africana adota convenção para proteger e assistir deslocados internos

Sexta Feira 23. Outubro 2009 12:00 Tempo: 3 days

O Alto Comissário António Guterres, junto com o Presidente de Uganda, Yoweri Museveni, e a Comissária Política da UA, Julia Dolly Joiner, no encerramento da cúpula. © ACNUR/ J.Akena
KAMPALA, Uganda, 23 de outubro (ACNUR) – Líderes africanos reunidos em Kampala, capital de Uganda, adotaram uma convenção comum nesta sexta-feira que garante proteção e assistência legal a milhares de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países por conflitos ou calamidades naturais.
O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, que liderou a cúpula especial de dois dias da União Africana (UA) sobre deslocamentos forçados, celebrou o pacto como “um acordo histórico para proteger e assistir nossos irmãos e irmãs, os deslocados internos”.
A nova convenção da UA para proteção e assistência dos deslocados internos na África é o primeiro instrumento legal do gênero no mundo. Define as obrigações que Estados, e mesmo grupos armados, têm de proteger e assistir seus próprios cidadãos.
O acordo histórico foi adotado unanimamente por 46 nações africanas, enquanto 17 chefes de Estado e governo e chanceleres assinaram o pacto, incluindo os presidentes de Uganda, Zâmbia, Zimbabwe e Somália e os primeiros-ministros de Burundi, República Central da África, Guiné Equatorial e Ruanda. A convenção ainda precisa ser ratificada por, no mínimo, 15 países.
Participantes comemoraram o resultado do encontro de quatro dias como uma grande conquista para o continente, que possui a maior população de deslocados internos do mundo.
O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, afirmou em Kampala que “o acordo representa na prática o conceito de ‘responsabilidade de proteger’ (R2P, na sigla em inglês). Demonstra que a soberania nacional é plenamente compatível com a responsabilidade de proteger”. Ele acrescentou que a convenção serve como lembrete de que a responsabilidade de proteger seus próprios cidadãos é primeiramente dos Estados e que, quando este falhar, há uma responsabilidade coletiva africana de agir.

Por Melissa Fleming e Yusuf Hassan, em Kampala, Uganda
Fonte: ACNUR

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deporting HIV-Positive Migrants Threatens Lives, Global Goals

fonte: HRW

(London) - National governments, in cooperation with international agencies and donors, should reconsider deportation policies for people living with HIV/AIDS, four HIV/AIDS and human rights groups said in a report released today.

The 27-page report, "Returned to Risk: Deportation of HIV-Positive Migrants," was prepared by Human Rights Watch, Deutsche AIDS-Hilfe, the European AIDS Treatment Group, and the African HIV Policy Network. It describes cases in South Korea, Saudi Arabia, the United Arab Emirates, South Africa, and the United States in which HIV-positive migrants were deported, and describes the need to develop policies guaranteeing uninterrupted treatment for this population.

"Migrants living with HIV are often explicitly excluded from treatment," said Katherine Todrys, researcher with the Health and Human Rights Division at Human Rights Watch. "If they are detained, they are often denied access to antiretroviral drugs, and then if deported they can't get care."

The groups called on governments and donors to ensure that HIV-positive migrants have access to life-saving antiretroviral therapy when detained and to ensure that, if deported, migrants are able to maintain access to treatment and care.

International human rights and refugee law has long prohibited deportations to a state where the person deported would be at real risk of being subjected to torture or other cruel, inhuman, or degrading treatment or punishment. National deportation procedures, however, are often insufficient or underdeveloped to protect the rights of people living with HIV against return to such conditions, the report's authors said. In addition, many countries fail to provide treatment for migrants living with HIV in immigration detention. Lack of continuity of treatment for migrants may lead to illness, premature death, or the development of drug resistance.

"Rather than protecting HIV-positive migrants from return to countries where treatment is unavailable, some countries are in fact deporting migrants because of their HIV status," said Peter Wiessner, of Deutsche AIDS-Hilfe. "Migrants are being returned to situations in which treatment and support are entirely unavailable."

The report documents:

  • In Saudi Arabia: mandatory HIV testing; detention for up to a year without access to medication; and deportation of HIV-positive migrants.
  • In the United Arab Emirates: deportation of 1,518 non-citizen residents infected with HIV; hepatitis types B and C; or tuberculosis in 2008.
  • In South Africa: the inability to continue treatment - amounting to a death sentence - for people living with HIV who are sent back to Zimbabwe.
  • In the United States: poor access to treatment in detention and harsh conditions or lack of access to medical treatment for some HIV-positive individuals who are deported.
  • In South Korea: mandatory HIV testing of migrants and the deportation of those found to be HIV positive, despite South Korea's international legal obligations and a recent Seoul High Court ruling that such deportation is not the most effective means of protecting public health.

"Governments have committed themselves to the goal of universal access to HIV treatment for all who need it by 2010," said Titise Kode of the African HIV Policy Network. "But with 192 million people - or 3 percent of the world's population - living outside their place of birth, ensuring migrants' and deportees' access to HIV treatment is absolutely essential to meeting this goal."

The report's authors called on governments to ensure that HIV-positive individuals awaiting deportation in detention have access to treatment and to re-examine the practice of deporting HIV-positive individuals to countries where treatment and social support structures are inadequate.

"Migrants face enormous risks when they cross borders," said David Hans-Ulrich Haerry, of the European AIDS Treatment Group. "But they shouldn't face a death sentence for living with HIV when we have effective treatment available and governments worldwide have pledged to provide universal access to antiretroviral medicine and have committed themselves to international treaties that guarantee migrants protection."

Novas barreiras na Europa “são ameaça à paz” adverte escritor italiano

O escritor italiano Claudio Magris lamentou hoje “a existência de novas barreiras na Europa que ameaçam a paz”, ao receber o Prêmio da Paz da Associação Alemã dos Editores e Livreiros, em Frankfurt .

“Hoje são outras fronteiras que ameaçam a paz, fronteiras por vezes invisíveis no interior das nossas cidades, entre nós e os imigrantes de todas as partes do mundo, fronteiras de que quase não nos apercebemos”, disse o autor ao receber o prestigiado galardão, na Igreja de S. Paulo, no último dia da Feira do Livro de Frankfurt.

Magris criticou as reações na Itália aos refugiados africanos que tentam chegar por mar ao seu país, considerando-as “histéricas e brutais”, advertindo que “uma fronteira não é um ponto de passagem, mas sim um muro, uma muralha contra os bárbaros, e que constitui um perigo de guerra latente”.

O germanista, de 70 anos, disse ainda que, “como patriota italiano”, espera que o seu país “não volte a ser pioneiro no sentido negativo”, lembrando que a Itália inventou o fascismo, embora depois “outros fossem muito mais ambiciosos a implementá-lo”.

O elogio a Magris foi proferido pelo historiador alemão Karl Schlögel, que afirmou que o escritor “deu à Europa confiança e beleza”, considerando a sua obra “trabalho de esclarecimento e simultaneamente paixão”.

Devido às suas convicções europeístas, Magris tem estado muito atento, “advertindo que a desilusão na Europa pode transformar-se de novo em ódio e desespero”, acrescentou Schloegel.

O presidente da Associação Alemã dos Editores e Livreiros, Gottfried Honnefelder, enalteceu também a personalidade europeísta de Magris, considerando-o “um observador atento, filólogo, germanista, escritor, poeta, nacionalista italiano e europeu empenhado”.

A associação justificou a atribuição do Prêmio da Paz 2009 a Magris com “os seus esforços literários para a convivência e ação comum das diferentes culturas europeias”.

Em 2008, o galardão foi atribuído ao artista plástico alemão Anselm Kiefer, que acaba de abrir um atelier em Portugal, e em anos anteriores a personalidades como Susan Sonntag, Juergen Habermas, Martin Walser, Jorge Semprun, Mario Vargas Llosa, Vaclav Havel ou Amos Oz, por exemplo.

Fonte: Açoriano Oriental

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

STF: Marco Aurélio promete voto do Battisti no dia 28

Fonte: Correio Braziliense

Diego Moraes

Publicação: 15/10/2009 13:13 Atualização: 15/10/2009 13:20


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), prometeu nesta quinta-feira (15/10) finalizar seu voto sobre o caso Cesare Battisti no próximo dia 28. A tendência é que ele mantenha o posicionamento exposto no plenário da corte no primeiro dia de julgamento, em 9 de setembro, quando sinalizou ser contrário à extradição do ex-ativista italiano.

Na ocasião, o julgamento teve de ser suspenso por um pedido de vista de Marco Aurélio, quando o placar estava 4 a 3 pela volta de Battisti à Europa. "Todo o material sobre o caso já está no meu gabinete e agora vou abrir o embrulho. Devo finalizar o voto neste fim de semana, fazer a revisão na semana que vem e na quarta-feira da outra semana ele estará na bancada para que o presidente do Supremo (ministro Gilmar Mendes) agende a retomada do julgamento", afirmou o ministro ao Correio.

Até lá, o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, já terá assumido a vaga de ministro do STF em substituição a Carlos Alberto Menezes Direito, morto em setembro. A posse está marcada para o próximo dia 23.

Impasse
Cesare Battisti, 54 anos, tornou-se pivô de um impasse que coloca Brasil e Itália em lados opostos. Condenado à prisão perpétua no país de origem, ele foi considerado refugiado político pelo governo brasileiro em janeiro. Desde então, o governo italiano trava uma batalha pela extradição.

Líder de uma organização extremista batizada de Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), que fazia oposição ao governo da Itália na década de 70, Battisti foi condenado por quatro homicídios ocorridos entre 1978 e 1979. O julgamento terminou em 1993, mas o ex-ativista nunca cumpriu a pena. Fugiu para a França, onde viveu até 2004, quando o então presidente do país, Jacques Chirac, se colocou favorável à extradição.

O italiano fugiu novamente e veio parar no Brasil, onde a legislação proíbe a extradição de condenados por crimes políticos. Em março de 2007, Battisti foi preso no Rio de Janeiro e transferido para a Papuda, onde está até hoje. O ex-ativista nega a autoria dos crimes e afirma ser vítima de perseguição política. Desde que chegou ao país, Battisti já escreveu três livros para contar sua história.

O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão subordinado ao Ministério da Justiça, analisou o pedido de refúgio e decidiu negá-lo por 3 votos a 2, sob o argumento que não é possível comprovar a alegada perseguição política. A decisão do Conare, no entanto, foi revertida pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que em 13 de janeiro de 2009 concedeu o refúgio por entender que o italiano passa por “fundado temor de perseguição por suas opiniões políticas”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a decisão e chegou a rebater críticas do governo italiano dizendo que a decisão foi um ato de “soberania” do Brasil.

Relatório da ONU diz que imigrantes beneficiam economias nacionais

Fonte: DW


Documento das Nações Unidas pede diminuição de barreiras para a imigração e coloca Brasil no 75° lugar no ranking internacional de qualidade de vida.


Migrantes exercem efeitos benéficos sobre as economias tanto dos países que os recebem como das nações de origem. A migração estimula a produtividade, não contribui para aumento do desemprego nem faz os trabalhadores nativos perderem seus empregos. As conclusões são de um relatório produzido para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e apresentado nesta segunda-feira (5/10).

Com o título Ultrapassar barreiras: mobilidade e desenvolvimento humanos, o documento reivindica a adoção de medidas contra a discriminação de imigrantes e uma diminuição das barreiras para a imigração.

O fluxo de pessoas traz, segundo o parecer, benefícios tanto para as regiões de origem quanto para as de destino. A análise faz parte do Relatório de Desenvolvimento Humano publicado anualmente pela ONU.

Tendo a migração como tema central desta edição, o documento revela que a maioria dos movimentos migratórios no mundo não ocorre entre países em desenvolvimento e desenvolvidos. A maior parte das migrações é interna, ou seja, se dá dentro dos próprios países.

Conforme o relatório, cerca de 740 milhões de indivíduos são migrantes internos, número quase quatro vezes maior que o de migrantes internacionais. Destes, somente pouco mais de um terço (ao todo, quase 70 milhões de pessoas) se deslocaram de uma nação em desenvolvimento para uma desenvolvida. A maioria dos 200 milhões de migrantes internacionais se mudou de um país desenvolvido ou em desenvolvimento para outro na mesma condição.

Refugiados

Segundo as Nações Unidas, 14 milhões de refugiados vivem fora de seu pais nativo, o que corresponde a cerca de 7% dos imigrantes no mundo. A maioria permanece próxima ao país de onde emigraram. Eles vivem geralmente em campos de refugiados, até que as condições em suas pátrias permitam o retorno.

Entre os refugiados, a maioria espera o retorno aos seus países em campos próximos às fronteiras. Cerca de 1 milhão de indivíduos procuram anualmente exílio em países desenvolvidos. O número de migrantes obrigados a se transferir dentro de suas fronteiras nacionais, de cerca de 26 milhões, é, entretanto, sensivelmente maior.

Cidadãos de países pobres possuem uma menor mobilidade, conforme o relatório. A parcela de africanos que deixa o continente em direção à Europa, segundo o texto, é de menos de 1%. A cota de migrantes internacionais entre a população mundial permaneceu estável nos últimos 50 anos, correspondendo a 3%.

Os migrantes também se beneficiam da migração. Conforme o relatório, cidadãos dos países mais pobres conseguem ganhar 15 vezes mais, em média, após emigrar para um país desenvolvido. A cota de escolaridade é duplicada, enquanto a de mortalidade infantil passa a ser cerca de 16 vezes menor.

Barreiras

Barreiras para impedir a entrada de imigrantes são cada vez mais comuns. O relatório ressalta que muitos países tentam atrair pessoas com melhor educação buscando mão-de-obra menos qualificada somente em determinados períodos. Esses trabalhadores são, posteriormente, pressionados para voltar a suas regiões de origem. Hoje, cerca de 50 milhões de pessoas vivem irregularmente no exterior, de acordo com o relatório.

O documento reivindica uma maior consciência com relação aos direitos dos imigrantes, para que a xenofobia possa ser combatida. Migrantes devem ter acesso a direitos jurídicos e à assistência básica. A liberdade de decidir onde se deseja morar também deve ser vista como um elemento chave da liberdade humana, sublinha o texto.

O relatório pede, ainda, uma reforma da política de imigração. "Ainda hoje a migração é um problema controverso e que exige análise e reformas por toda a União Européia", afirmou Jeni Klugman, principal responsável pelo documento. "Esperamos que nosso relatório possa influenciar esse debate e ajude a revelar a influência geralmente benéfica da migração", completou.

Desenvolvimento Humano

No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) espécie de ranking internacional de qualidade de vida publicado no mesmo relatório, o Brasil ocupa a 75ª posição, com desempenho estável em relação ao ano passado.

A Noruega lidera a lista, seguida de Austrália e Islândia. Nos últimos lugares estão Serra Leoa, Afeganistão e Níger. A Alemanha está no 22° lugar de 182 países. O IDH leva em consideração fatores como riqueza, expectativa de vida, chances de educação e padrão de vida.

MD/dpa/afp/ap
Revisão: Alexandre Schossler

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Refugiadas iraquianas se prostituem para sobreviver na Síria

Refugiadas iraquianas se prostituem para sobreviver na Síria

Lina Sinjab
De Damasco



Dançarinas iraquianas em Damasco
Muitas das dançarinas iraquianas nos clubes sírios são adolescentes
Com seus letreiros em neon e decoração brilhante, dezenas de clubes noturnos se enfileiram nas ruas do bairro de Maraba, na capital da Síria, Damasco.

É para cá que homens de toda parte - é possível encontrar carros com placas não apenas da Síria, mas também do Iraque e da Arábia Saudita - vêm para ver jovens mulheres dançar.

A maioria das dançarinas são adolescentes e muitas delas são refugiadas iraquianas. Elas dançam pelo dinheiro que é jogado no palco.

Seguranças cercam as dançarinas, para impedir que sejam tocadas pelos homens da platéia. Mas esses guarda-costas também atuam como intermediários entre as mulheres e os clientes em busca de sexo.

Centenas de milhares de refugiadas iraquianas foram viver na Síria e na Jordânia nos últimos quatro anos, fugindo da violência e da instabilidade em que o Iraque mergulhou depois da invasão comandada pelos Estados Unidos, em 2003.

O desafio mais difícil é enfrentado pelas mulheres que têm de sustentar suas famílias.

As autoridades sírias e as agências de ajuda humanitária não têm números precisos, mas muitas mulheres dizem não ter outra alternativa além de trabalhar em lugares como os clubes do bairro Maraba.

Inocência perdida

Rafif é uma menina de 14 anos e aparência inocente, com o cabelo preso em um rabo-de-cavalo. Ele parece não compreender totalmente a gravidade da situação em que vive.

"Tenho três irmãs casadas e quatro irmãos. Todos eles estão em Bagdá. Eu estou aqui apenas com minha mãe e um irmão mais novo. Ninguém da minha família sabe o que eu faço aqui", diz Rafif.

Proibida de trabalhar regularmente na Síria, ela afirma que o dinheiro da família acabou e que sua mãe começou a procurar uma maneira de sobreviver.

Rafif diz que ganha cerca de US$ 30 por noite nos clubes (cerca de R$ 53), mas que chega a ganhar US$ 100 (cerca de R$ 178) quando algum homem a leva para uma casa particular. Ela não diz o que precisa fazer para ganhar esse dinheiro.


Uma mulher falou com a minha mãe, que concordou em me mandar para esses lugares. Nós precisávamos do dinheiro.

Rafif, 14 anos

"Uma mulher falou com a minha mãe, que concordou em me mandar para esses lugares. Nós precisávamos do dinheiro", diz Rafif. "Eu já fui presa por prostituição e mandada de volta ao Iraque, mas voltei para cá com um passaporte falso."

Nem todas as trabalhadoras do sexo entraram nesse mercado por escolha própria.

Nada, de 16 anos, diz que foi abandonada pelo pai na fronteira entre o Iraque e a Síria depois que um primo "tirou sua virgindade".

Cinco homens iraquianos levaram Nada da fronteira até Damasco, onde ela foi estuprada e vendida para uma mulher que a obrigou a trabalhar em clubes noturnos.

Atualmente, Nada está em um centro de proteção do governo sírio, de onde será deportada para o Iraque.

Exploração

O governo da Síria afirma que a polícia já prendeu meninas iraquianas com idades de até 12 anos que trabalhavam como prostitutas em clubes noturnos.

"Vemos um número crescente de mulheres que não conseguem pagar as contas no fim do mês e acabam mais vulneráveis a situações de exploração, como a prostituição", diz o representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em Damasco, Laurens Jolles.

"Por causa da intimidação e da vergonha, muitas das vítimas do tráfico de pessoas e das trabalhadoras na indústria do sexo na Síria nunca serão conhecidas pelo governo ou pelas agências de ajuda humanitária", afirma Jolles.


Clube noturno do bairro de Maraba, em Damasco
Não há dados precisos sobre o número de prostitutas na Síria

As mulheres detidas pela polícia são enviadas a centros de proteção, de onde freqüentemente fogem, ou mandadas para a prisão.

"Imediatamente depois de chegarmos até elas, ou às vezes até mesmo antes, elas são libertadas da prisão sob fiança, geralmente pelas mesmas pessoas que provavelmente as forçaram a se prostituir", diz Jolles.

Muitas das jovens mulheres que deixam o Iraque na esperança de uma existência mais fácil e segura descobrem na Síria uma vida muitas vezes mais difícil ainda.

Em uma idade em que suas vidas deveriam estar apenas começando, adolescentes iraquianas como Nada sentem que já chegaram ao fundo do poço.

"Agora eles vão me mandar de volta para o Iraque. Eu não tenho ninguém lá e de qualquer modo temo por minha própria vida. Eu disse ao governo que não quero voltar (para o Iraque). A minha família me abandonou", diz Nada.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/12/071204_iraqueprostituicao_ac.shtml

Ato em Defesa do Direito ao Refúgio.

CONVITE
ATO EM DEFESA DO DIREITO AO REFÚGIO
CASO CESARE BATTISTI

Considerando que concessão de refúgio representa um instrumento de fundamental importância para a proteção da pessoa humana, tendo sido previsto na Constituição Federal como princípio de política externa visando à preservação dos direitos humanos e da democracia.

Considerando que a participação do judiciário no processo de extradição se caracteriza por sua função protetiva e representa uma garantia ao extraditando, impedindo sua entrega ilegal ou abusiva a outro país, conforme sólida jurisprudência do STF.

Conclamamos a comunidade jurídica brasileira, e todos os demais cidadãos sensíveis a essa questão, a se manifestarem contra a “inversão da função protetiva do STF” no processo de extradição do cidadão italiano Cesare Battisti e em defesa da prevalência dos direitos humanos e do direito ao refúgio.



Adesões ao manifesto podem ser enviadas para: alexandre.fmendes@terra.com.br e beppo1977@gmail.com



MANIFESTO EM DEFESA DO DIREITO AO REFUGIO

Em breve, o Supremo Tribunal Federal julgará definitivamente o pedido de Extradição 1085, referente ao cidadão italiano Cesare Battisti. Nós, abaixo assinados, cientes da vinculação do Estado brasileiro à prevalência dos direitos humanos em suas relações internacionais (art. 4, II, CF), dirigimo-nos à sociedade em geral e ao STF em particular para ponderar que:

a) A concessão de refúgio representa um instrumento de fundamental importância para a proteção da pessoa humana, tendo sido previsto na Constituição Federal como princípio de política externa visando à preservação dos direitos humanos e da democracia;

b) A participação do judiciário no processo de extradição se caracteriza por sua função protetiva e representa uma garantia ao extraditando, impedindo sua entrega ilegal ou abusiva a outro país, conforme sólida jurisprudência do STF. Nesse sentido, a judicialização da extradição não pode servir ao propósito inverso: modificar o já reconhecido status de refugiado, autorizando sua extradição;

c) A inversão da função protetiva do STF no processo de extradição – transformando-o na principal instância de reconhecimento ou não da condição política de refugiado – representa um enfraquecimento da democracia e dos princípios fundamentais que regem a República Federativa Brasileira;

d) A profunda divergência entre os votos e a polarização da Corte sobre o caso demonstram existir relevantes dúvidas quanto aos pressupostos desta extradição. Nessa hipótese, considerando as conseqüências penais que recaem sobre o extraditando (aplicação da pena de prisão), recomenda-se a aplicação do princípio in dubio pro reo, determinando-se a extinção do processo de extradição.

e) A continuidade do processo de extradição contraria o art. 33 da Lei 9474/1997, segundo o qual o reconhecimento da condição de refugiado obsta o seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio;

f) A eventual autorização de extradição nessas condições produzirá efeitos negativos não só no plano internacional, mas também no plano interno, abrindo espaço para insegurança jurídica e crise entre as instituições, causando incerteza com relação às atribuições de natureza política do poder executivo.

Diante dessas ponderações, esperamos que o Supremo Tribunal Federal considere extinto o processo de extradição do cidadão italiano Cesare Battisti, reafirmando a sua tradicional função de salvaguarda dos direitos fundamentais e dos princípios constitucionais inerentes à democracia.


Assinam o documento:

Juarez Tavares - Sub-procurador da República, Professor Titular de Direito Penal - UERJ
Antonio Augusto Madureira de Pinho - Professor de Filosofia do Direito - UERJ
Adriano Pilatti - Professor de Direito Constitucional - PUC-Rio
Claudio Pereira de Souza Neto - Professor de Direito Constitucional - UFF
Francisco Guimarães - Professor de Direito Constitucional - PUC-Rio
Roberto Amaral, jurista, constitucionalista, professor universitário, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e primeiro vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro
Thula Rafaela de Oliveira Pires – jurista – professora de direito constitucional
Augusto Werneck, Professor de Direito PUC- Rio , Procurador do Estado
Marcello Augusto Lima de Oliveira - OAB/RJ 99.720
Gisele Cittadino – Professora de Direito – PUC- Rio
Antonio Cavalcanti Maia - Professor de Filosofia do Direito - UERJ
Telma Lages – Professora de Direito – PUC-Rio
Diego Werneck Argueles - Professor de Direito Constitucional - FGV-Rio
Ronaldo Cramer – Professor de Direito do PUC-Rio e Procurador Geral da OAB/RJ
José Ricardo Ferreira Cunha- Professor de Direito - UERJ/FGV-Rio
Alexandre Mendes - Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro, doutorando em direito - UERJ
Vivian Gama - Professora de Direito - IBMEC
Vanessa Santos do Canto – Advogada
Gustavo Sénéchal de Goffredo, Professor de Direito Internacional Público na PUC-Rio e na UERJ
André Barros – Advogado – Rio de Janeiro
Rafael Soares Gonçalves Jurista e historiador - Professor da PUC-Rio
Tiago Joffily – Promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Professor de Direito Penal - UERJ
Regina Coeli Lisbôa Soares - Profa. de Direito Constitucional – PUC-Rio
Enzo Bello - Prof. de Direito Constitucional e Doutorando em Direito (UERJ).
Jose Ribas Vieira – Professor de Direito Constitucional PUC-Rio, UFRJ, UFF e IBMEC-RJ
Sergio F. C. Graziano Sobrinho - advogado, OAB-SC, 8042, Coordenador do Curso de Direito da UNESC
João Telésforo Nóbrega de Medeiros Filho, estudante de Direito da Universidade de Brasília, Coordenador de Formação Política e Movimentos Sociais do DCE Honestino Guimarães da UnB e membro do Grupo Brasil e Desenvolvimento
Newton de Menezes Albuquerque, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Graduação e Pós-Graduação da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

Assinaturas Institucionais

Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro - Nucleo de Defesa dos Direitos Humanos
Centro Acadêmico Luis Carpenter - CALC - Direito- UERJ
DCE - UNB
Grupo Tortura Nunca Mais – Rio de Janeiro

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um novo começo em México: deixando para trás a violência doméstica

CIDADE DO MÉXICO, México, 22 de setembro (ACNUR) – Rebeca* parecia feliz enquanto abraçava seu querido filho no aeroporto internacional do México, mês passado, depois de mais de um ano separados. Da última vez que viu Juan, seu filho de 20 anos de idade, em junho do ano passado, ela estava afundada na angústia e temendo por sua vida.

Essa mulher morena de 40 anos de idade foi por muito tempo vítima da violência doméstica, mas, diferentemente da maioria das mulheres que sofrem abusos em seu próprio lar, ela fugiu do seu país, pois sentia que não havia pessoa ou organização alguma a qual pudesse recorrer em seu país natal, a Nicarágua. Ano passado, ela foi reconhecida como refugiada no México, já que seria muito perigoso sua repatriação.

A violência doméstica é um grande problema na Nicarágua; algumas organizações não-governamentais estimam que até 60% das mulheres sofrem algum tipo de violência, ou foram agredidas fisicamente por seu parceiro em ao menos uma ocasião.

Denunciar tal delito não é garantia de proteção à vítima; de acordo com organizações de direitos humanos nicaragüenses, mais de 70% dos casos denunciados por violência doméstica são absolvidos ou não chegam a ser sentenciados.

Rebeca a suportou por mais de 20 anos. Sua desventura começou quase desde o momento em que se casou com o homem com quem pensava que passaria o resto da sua vida. Tinha, então, somente 17 anos quando conheceu o lado escuro de seu temperamento, e o abuso verbal e psicológico não demoraram em aparecer.

Seu esposo costumava lhe bater, gritar, inferiorizá-la em público e inclusive abusar sexualmente dela. Não permitia que ela trabalhasse nem tivesse renda própria. Ficava enfurecido se olhava para qualquer homem, inclusive ao seu médico ou a um garçom no restaurante.

Quando estava grávida de gêmeos, o marido de Rebeca não permitiu que visitasse nenhum médico. Um de seus bebês nasceu morto e o outro morreu em poucas semanas, devido, possivelmente, aos golpes que sofreu durante a gestação.

Um ano depois, logo após dar à luz a seu filho, Rebeca tentou abandonar sua casa. Seu esposo deu um tiro no chão quando quis ir embora levando seu bebê, e ela decidiu ficar ao invés de arriscar a vida de seu filho.

Rebeca considerou realizar uma cirurgia para evitar que pudesse ter mais filhos. “Me preocupava, pois se tivesse uma filha não queria que ela sofresse o que sofri durante toda a minha vida”, disse. Mas para isso necessitava da autorização de seu marido, segundo a lei da Nicarágua, e ele se recusou.

Não foi, senão, até o ano passado, com seu filho já adulto, que ela escapou. “Meu filho sentia a responsabilidade de cuidar de mim. Ele me dizia: ‘eu não posso sair na rua pois me preocupa o estado em que a vou encontrar’. Nos últimos dois anos levei muitos golpes porque comecei a me rebelar”, explica Rebeca.

Ela se juntou à movimentada estrada pela qual migrantes sem documentação e refugiados atravessam desde a América Central até os Estados Unidos. A Agência da ONU para os Refugiados trabalha estreitamente com as autoridades em países como o México, tentando identificar pessoas com necessidade de proteção internacional imersas nestes movimentos migratórios mistos, principalmente as que fogem de conflitos ou perseguição, como no caso da violência doméstica, que pode chegar a ser uma forma de perseguição.

Rebeca foi detectada pelas autoridades migratórias mexicanas perto da fronteira com os Estados Unidos. Quando ela informou sobre o seu medo de voltar para a Nicarágua, seu caso foi encaminhado à Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR).

Ela foi reconhecida com o status de refugiada há um ano e encontrou trabalho como assistente administrativa. A cereja do bolo na sua vida ocorreu quando, finalmente, com a ajuda do ACNUR, seu filho pode reencontrar-se com ela.

Rebeca conta que seu esposo costumava ameaçá-la psicologicamente para que permanecesse em casa. “Ele me dizia ‘se você me deixar, não vai ter paz, não vai viver para contar’. Eu tinha que evitar isso. Porque ele me dizia que eu teria que passar a vida inteira cuidando das minhas costas, esperando pelo momento em que ele iria me pegar”. Mas agora ela está em um bom lugar, aonde ele não pode alcançá-la.

“Sou uma sobrevivente. Não fui a uma guerra, mas parece que sim”, diz Rebeca enquanto espera a chegada de seu filho. “Quando estiver com meu filho, sentirei que o pesadelo acabou”.

* Os nomes foram trocados por razões de segurança.

Por Mariana Echandi
Em Cidade do México

Uma voz para os refugiados na ONU

fonte: A Caminho do Brasil

Refugiados podem reclamar da ACNUR pela internet. Há inspetores de Genebra aptos a investigar denúncias de abuso de autoridade, negligências e atividades não permitidas na ONU.

o formulário é simples e está em inglês

http://www.unhcr.org/php/complaints.php
Tu puedes quejarse a UNHCR en Geneve. Hay inspectores trabajando para usted.

http://www.unhcr.org/php/complaints.php

Refugees who have complains around the world can register the problem online to UNHCR investigators

http://www.unhcr.org/php/complaints.php

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Expulsos de campo de imigrantes voltam a se agrupar na França

da BBC Brasil

Quase todos os 276 imigrantes que foram presos, há duas semanas, no fechamento do campo de imigrantes batizado de "selva" na cidade francesa de Calais, estão de volta às ruas, mas ainda com uma situação completamente indefinida. Alguns destes imigrantes foram libertados porque entraram com pedidos de asilo, outros porque eram menores de idade. Outros ainda saíram da cadeia porque as autoridades não haviam seguido os procedimentos corretos.

Depois de serem soltos em várias partes da França, eles já começaram a se reagrupar em Calais, com a esperança de que consigam cruzar o Canal da Mancha com destino ao Reino Unido. O governo francês diz que a ideia por trás do fechamento do campo era mandar uma mensagem para os traficantes de pessoas de que Calais não é mais "a última parada" antes da Inglaterra.

As autoridades também alegam que a medida tinha como objetivo mostrar para o Reino Unido que o governo francês está fazendo um grande esforço para diminuir o constante fluxo de imigrantes que cruzam o canal em direção à ilha.

Funcionários de organizações não-governamentais vão até os imigrantes, que têm dormido embaixo de pontes, para passar a mensagem de que, dos dois lados do canal, as autoridades de imigração estão mais rigorosas. Enfrentando uma situação tão difícil, muitos deles estão dispostos a pedir ajuda para voltar para casa.

Affredi diz ainda não ter se decidido sobre ficar ou ir embora. Ele era um estudante de medicina na fronteira entre Afeganistão e Paquistão e diz ter visto seu pai ser morto depois de se recusar a trabalhar com o grupo fundamentalista islâmico Taleban. Ele decidiu fugir.

"Eu vim para a Europa em busca de proteção. Eu vim em busca de abrigo e direitos humanos. Eu não sabia que seria isso...", diz ele em inglês fluente, apontando para a pilha de cobertores molhados embaixo da ponte.

Para o vice-prefeito de Calais, Philippe Blet, fechar a selva só serviu para atrair a atenção da mídia e mudar o problema de lugar. "O problema não está sendo resolvido, ele ainda está lá. Nós queremos que os imigrantes vão embora, mas eles continuam voltando. É inevitável", diz ele. "Em Calais... [os imigrantes] estão a apenas 40 km da felicidade. É simples assim."

ACNUR alerta sobre la situación en Yemen

EFE. GINEBRA, SUIZA
La situación en el norte de Yemen continúa tensa, debido a los combates y al agravamiento de la crisis humanitaria, mientras aumenta la llegada de inmigrantes de Somalia y el Cuerno de África al país, según la agencia de Naciones Unidas para los Refugiados (ACNUR), con sede en Ginebra (Suiza).
“La situación en el norte de Yemen continúa tensa e inestable”, lamentó la organización. “La escasa información sobre la situación de los desplazados aumenta la preocupación humanitaria y por la seguridad de los civiles”.
A pesar de la “frágil tranquilidad” que se vivió este fin de semana en la provincia de Saada, que ha estado aislada del resto del mundo las últimas seis semanas, las personas atrapadas por los enfrentamientos entre las fuerzas gubernamentales y los rebeldes chiíes continúan sin poder huir a zonas más seguras, añadió ACNUR.
Asimismo, la organización se mostró preocupada por los enfrentamientos ocurridos cerca del campamento de Al Sam, uno de los tres centros para personas desplazadas que quedan en la provincia de Saada, a unos 240 kilómetros al noroeste de la capital Saná y fronteriza con Arabia Saudí.
También en esta zona, la organización dijo haber recibido “preocupantes informaciones sobre un ataque contra un asentamiento improvisado de desplazados en la localidad de Al-Azqool”.
Además de las 150 mil personas desplazadas por los enfrentamientos en Yemen desde 2004, el país también alberga a unos 150 mil refugiados y demandantes de asilo que cruzaron el Golfo de Adén y el Mar Rojo, según los datos de ACNUR.
En los nueve primeros meses de 2009, al menos 50 mil inmigrantes han llegado a Yemen, lo que supone 50% más en comparación al mismo período del año pasado, dijo la organización.
Más de la mitad de estas personas proceden de Etiopía, mientras que el resto son en su mayoría de Somalia, que adquieren el estatus de refugiado de forma automática en Yemen.
En lo que va de año, 266 personas han muerto tratando de llegar a las costas yemeníes y otras 153 personas están desaparecidas.
Jornal: La Prensa de Panamá.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Detido um dos principais suspeitos por genocí­dio em Ruanda - O Globo

CAMPALA (Reuters) - A polícia de Uganda prendeu Idelphonse Nizeyimana, um dos quatro suspeitos mais procurados pelo genocídio de Ruanda ocorrido em 1994, depois que ele entrou no país de ônibus na semana passada vindo da República Democrática do Congo.

Ex-capitão do Exército ruandês e ex-chefe da inteligência, Nizeyimana é acusado de organizar a matança de civis tutsis e ordenar o assassinato de uma antiga rainha de Ruanda.

Ele foi capturado na segunda-feira num subúrbio de Campala, capital de Uganda, e em seguida extraditado para Arusha, no norte da Tanzânia, a fim de ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

Os Estados Unidos haviam oferecido uma recompensa de 5 milhões de dólares por sua captura.


Nizeyimana é acusado de montar bloqueios nas estradas onde civis tutsis eram assassinados e de fornecer armas e transportes para a milícia sabendo que eles seriam usados para tais ataques.

O Tribunal Penal Internacional para Ruanda, da Organização das Nações Unidas (ONU), diz que ele também enviou soldados à casa da antiga rainha de Ruanda - Rosalie Gicanda, figura simbólica para todos os tutsis -, que a executaram sob suas ordens.

Cerca de 800 mil pessoas da etnia tutsi e hutus politicamente moderados foram mortos num período de apenas 100 dias em 1994. Nizeyimana é acusado pelo tribunal da ONU de genocídio, cumplicidade ao genocídio, e incitamento público e direto para cometer genocídio.



Detido um dos principais suspeitos por genocídio em Ruanda - O Globo

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

US 'to cut immigrant detention'

US officials are expected to announce plans that would allow illegal immigrants not considered a threat to be taken out of jails, reports say.

The new policy would list immigrants according to the risk they may pose, the Wall Street Journal reports.
Detainees who are not criminals could be kept in hotels and nursing homes, according to leaks of the plans.
Homeland Security Secretary Janet Napolitano is expected to give details of the plans later.
Her department is hoping to cut the costs of detaining immigrants, which stood at almost $2bn (£1.3bn) in 2008.
It says alternatives like the hotels and nursing homes would cost about $14 a day, compared to about $100 a day for detention.

Health needs

Each year some 380,000 illegal immigrants are detained in US jails alongside regular prisoners, ahead of deportation.
Of those held on 1 September, 51% were considered felons, and 11% of those had committed violent crimes, the New York Times reported.
"Serious felons deserve to be in the prison model," Ms Napolitano told the newspaper.
"But there are others. There are women. There are children."
Proposals for using alternatives to prison detention are expected to be submitted to Congress in the coming weeks.
The Wall Street Journal cited officials as saying the administration would ask the private sector for ideas, including for the construction of model facilities.
The paper said the review would also tackle criticism of the medical treatment given to detainees, and suggest to improve access to basic services including telephones.
The administration will propose a screening system to flag up special medical or mental health needs of detainees, the paper said.
Broad immigration reform is one of President Barack Obama's domestic priorities.
Efforts by his predecessor, George W Bush, to reform US immigration laws collapsed in 2007.

Fonte: BBC News http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/8292296.stm

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Procuradoria da República do DF vai investigar caso de palestinos

A Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) pretende apurar as responsabilidades do Conselho Nacional dos Refugiados (Conare) do Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur) e da Cáritas Brasileira sobre uma suposta recusa de assistência material a um grupo de refugiados palestinos que esteve acampado, por mais de um ano, em Brasília. A conversão do procedimento preparatório para inquérito civil público para investigação dos fatos já tramita no órgão.

Assessorados pelo advogado Acilino Ribeiro, coordenador nacional do Movimento Democrata Direta (MDD), 21 palestinos, que chegaram ao Brasil em 2007, acamparam em Brasília de maio de 2008 até meados de agosto deste ano. Eles alegavam dificuldades de adaptação e falta de apoio do governo brasileiro.

Diante da situação, o Instituto Autonomia, entidade que atua na promoção e defesa dos direitos humanos, se solidarizou com a causa e ofereceu assessoria por meio da advogada Sandra Nascimento. “Não tendo pátria para retornar, é preciso encontrar uma saída diplomática e humanitária para os palestinos. Não é aceitável que os órgãos envolvidos continuem se omitindo na questão”, afirmou Sandra.

Os palestinos ainda estão em Brasília, porém, estão em abrigos oferecidos por entidades beneficentes. São representantes de todas as localidades nas quais foram designados a ir quando chegaram ao Brasil, inclusive de Mogi.

A abertura do inquérito foi decidida depois de inúmeras reu-niões entre os refugiados e a PRDF. A Assessoria de Cooperação Jurídica Internacional da Procuradoria-Geral da República planeja convocar uma audiência pública para discutir as soluções para o caso dos refugiados palestinos que estão no Brasil.

Procurado pelo Mogi News, o porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, informou que não teria tempo para formular uma resposta até o prazo do fechamento desta edição e que enviaria, posteriormente, um posicionamento. O secretário-regional da Cáritas Brasileira, Antenor Rovida, não foi encontrado pela reportagem. (N.R.)

Fonte: Mogi News

terça-feira, 22 de setembro de 2009

“Pelo fato de sermos refugiados pobres o governo brasileiro não olha para nós”

7 de Junho de 2009.
Refugiados palestinos no Brasil:

“Pelo fato de sermos refugiados pobres o governo brasileiro não olha para nós”

Causa Operária entrevista nesta semana um grupo de refugiados palestinos no Brasil. A entrevista foi feita com o auxílio de uma intérprete do Árabe. E para preservar uma maior exposição dos palestinos identificaremos apenas um deles, o Farouq. Hoje 23 dos 117 refugiados palestinos no Brasil estão em Brasília reivindicando o direito de um novo assentamento. O caso deles revela o verdadeiro caráter da política de refugiados das Nações Unidas e o tratamento desferido aos palestinos.

Causa Operária – Vocês poderiam contar um pouco sobre vocês?

Farouq: Estou refugiado desde 67. Fui refugiado aos 19 anos quando fugi da guerra entre Israel e Palestina indo para o Iraque. Depois fui para Arábia Saudita, Líbia e voltei para o Iraque onde vivi até a invasão do pelos EUA, quando tive que fugir e me tornar mais uma vez refugiado na fronteira com a Jordânia no campo Rweished [de refugiados].
Esse campo na fronteira da Jordânia era do exército. Não tinha casa não tinha nada. Só um pedaço de tecido, uma barraquinha que vivíamos dentro dela.
Ficamos quatro anos e meio nesse campo [em 2007 ampliou-se a ofensiva contra os campos de refugiados palestinos, com pressões para que perdessem a condição de refugiados palestinos e ganhassem cidadania jordaniana].
Se fizermos uma comparação com esse campo e a situação que enfrentamos aqui no Brasil, nós vivemos muito melhor, com muito mais orgulho, nos sentíamos muito mais humanos lá no campo do que aqui. Porque aqui nós nos sentimos tratados pior do que se trata um animal. Para o animal existem leis, direitos, nós não temos nada.
Aqui no Brasil, as Nações Unidas e o governo que nos trouxe nunca nos trataram como humanos, nem protegidos como prometeram. A única coisa nós queríamos era o orgulho. Mas aqui eu nunca vou encontrar.
A ACNUR, as Nações Unidas, não nos trata como refugiados, aqui não tivemos nem direitos humanos, então não temos direitos de nada.
Nós não aceitamos mais isso, essa situação. Por isso estamos pedindo nossa saída do Brasil. Não é porque não gostamos do Brasil, mas porque fomos maltratados pelas Nações Unidas, por essas ONG’s [Cáritas do Brasil e Associação Antônio Vieira-ASAV] que disseram que nos acolheriam, mas nunca o fizeram.
Acabaram com nosso orgulho. Nós viemos para cá com esperança. Eu sou um velho. Sofri um acidente no campo e eles me prometeram ‘você vai para o Brasil e lá vamos te dar um tratamento’, mas eu nunca fui tratado. A parte de saúde foi zero, tudo foi zero.

Causa Operária: Vocês antes de virem para o Brasil estavam num campo de refugiados da Jordânia? A ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) foi a responsável por essa realocação de vocês. Como se deu essa vinda dos 117 palestinos para o Brasil?

Farouq: Nós descobrimos que estamos nas mãos de pessoas que não são humanas. Essas pessoas são ACNUR, que nos entregou como refugiados palestinos a duas ONG’s – Cáritas do Brasil e Associação Antônio Vieira [ASAV]. Elas deveriam cuidar dos palestinos, mas infelizmente não cuida, não faz nada, esse cuidado está apenas no papel.
O ACNUR prometeu muita coisa para nós. Mas a única alternativa era vir para o Brasil. Eles falaram assim, ‘ou o Brasil ou vocês voltam lá para a fronteira do Iraque’. ‘Vocês ficam lá para sofrerem a morte e a guerra. Ou vocês vão para o Brasil agora.’
E no Brasil vocês vão achar saúde, trabalho, educação, faculdade, tudo isso eles prometeram, alimentação, moradia, salário mensal, “colocaram chão como se fosse flor”, mas tudo isso era mentira porque não tinha esse paraíso que eles falaram.
Primeiro, porque 90% dos refugiados estão doentes. E não é qualquer doença. Então a primeira coisa que deveríamos ter tido aqui era tratamento e aprender o idioma, pra nos adaptarmos. Então como vamos nos adaptar se não temos saúde nem para trabalhar e nem temos tratamento?

Palestino refugiado (não quis se identificar): Nunca fizeram nada para nós. Prometeram tudo. A única coisa que fizeram quando chegamos aqui no Brasil foi um exame de urina e um exame de sangue, acho que para ver se tínhamos alguma doença ou não.
90% de nós têm doenças gravíssimas. Eu sou um deles e outro, o Saff, não teve nem condições de estar aqui agora.
Como nossas doenças são graves temos de tomar remédios que nós pagamos do nosso bolso, aliás, que é pouco, e não tem, então a gente passa fome para comprar os remédios.
Sarah: Com a nossa vinda para o Brasil nossas famílias foram divididas. Foi uma separação familiar, e não uma união familiar. Tem gente que foi pra a Suécia, Estados Unidos, Chile, Argentina. Minha família está toda nos Estados Unidos, mas me mandaram para cá.

Causa Operária: E quando vocês chegaram no Brasil o que encontraram? O que vocês encontraram quando chegaram aqui?
Intérprete: Aqui no Brasil, dividiram os palestinos. Não colocaram os 117 juntos. Uma parte ficou em Mogi das Cruzes [SP] outro grupo foi para o Rio Grande do Sul, outra para o Paraná. Se eles estivessem ficado juntos, pelo menos um ajudava o outro. Mas não, deixaram um isolado do outro.
Ahmad: Os imóveis eram usados e cheios de mofo, a casa foi assaltada. Esposa: quem foi para o Rio Grande do Sul não foi direto para as casa. Ficaram duas semanas dentro de uma Igreja, sem roupa lavada, a roupa que eles trouxeram tava mofada, estragou toda a roupa. O primeiro salário mensal foi roubado não foi gasto com a gente.

Causa Operária: Quem fez isso?
Ahmad: Antonio Vieira e Cáritas. ONG`s contratadas pela ACNUR para serem responsáveis pelos refugiados no Brasil.
Eu antes de vir apresentei um documento à ACNUR dizendo que não queria vir para o Brasil. Entreguei para Carmem, a advogada responsável pelo nosso caso. Ela me respondeu com ameaça “se você não for para o Brasil nós vamos te entregar para as forças do Iraque” aqueles que mataram Saddam [Hussein]. Mesmo minha família, irmão, tia, não sabem onde eu estou. Estou ameaçado de morte, então não tenho como voltar para lá então falaram “ou você vai para o Brasil ou te entregamos para eles”.
Quando cheguei no Brasil entreguei outro documento pedindo para sair daqui, entreguei na mão de uma pessoa chamada José, mandado para ACNUR. Mas é como dizem, “não tem a vida para quem chama”. E desde que eu cheguei até agora eu estou sendo castigado por essas ONG’s e pela ACNUR. Eu não sei o motivo nem o para que isso.
Fiquei castigado duas três semanas dentro de uma Igreja. Eu e meus filhos, com minha filha sofrendo com pneumonia. Colocaram-nos em Santa Maria, distante quatro horas da ASAV [Associação Antônio Vieira, em Porto Alegre], pra reclamar de alguma coisa.
Na primeira semana eu descobri o roubo que fazem conosco, reclamamos e encaminhamos para a ACNUR, tudo documentado. Mas ninguém nos procurou para resolver o problema.
Até hoje o governo brasileiro não se envolveu em nada. Todo mundo fala que a responsabilidade é do ACNUR, e ACNUR fala que a responsabilidade é da Asav, da Cáritas, um verdadeiro crime de omissão.
Uma vez foi uma pessoa do Conare [Comitê Nacional de Refugiados] foi até Mogi das Cruzes, ela disse “vocês estão reclamando do quê? Nós tiramos vocês da guerra” e nunca mais o governo nos procurou. Nunca mais.
Ahmad: Meus filhos ficam doentes, minha filha tem asma, meu filho teve catapora. Vários problemas e ninguém ligou para um médico ou deu atenção. Eu que paguei as consultas deles, eu ia lá sozinho, pedia dinheiro emprestado. E aqui em Brasília quando cheguei aqui eu fiz greve de fome, para receber e poder pagar para aquelas pessoas.
Quando chegamos aqui o Javier, chefe da ACNUR, prometeu “vocês vão pra Suécia”, porque queríamos fazer uma reunião familiar.
Então o que Javier prometeu? [enquanto estavam acampados em frente à sede da ACNUR] e temos testemunhas “não fiquem na rua, eu alugo para vocês uma quitinete, coloco os seus filhos na escola até o visto de vocês para qualquer país sair”, eu prometo, minha palavra”.
Eles pediram isso documentado ele deu. Foram para o apartamento que foi alugado com pagamento adiantado por quatro meses. Mas o apartamento foi colocado em nome da Sarah [esposa do Ahmad] e não da ACNUR. E agora eles estão ameaçados de saírem do apartamento [ameaçados de despejo porque venceu o aluguel] e a ACNUR sumiu, ninguém sabe o endereço dela. Agora estamos perdidos.
Advogado: Quando o ACNUR mandou que o contrato da imobiliária fosse feito em nome da família, foi a preparação de uma armadilha, porque na medida em que está atrasado o aluguel a imobiliária pode entrar com uma ação contra eles e qualquer queixa policial, quem dirá ação judicial, contra qualquer um deles imediatamente eles perdem a condição de refugiados e também o direito de naturalização. E a própria ACNUR disse que não paga mais o aluguel e sugeriu à imobiliária que entrasse com uma ação contra eles.
Intérprete: E eles vieram sob orientação da ACNUR. Venderam tudo o que tinham para vir pra cá e agora está acontecendo isso.

Causa Operária: Diante de todo esse quadro, qual foi a situação limite que fez com que um primeiro grupo desses 117 refugiados visse à Brasília, e acampassem em frente à sede da ACNUR no Brasil em maio de 2008?

Palestino refugiado (não quis se identificar):
Quando tínhamos uma reclamação, fazíamos um documento. Tudo foi documentado, no papel e também por telefone, [os advogados tem toda essa documentação].
Cada vez que nós reclamávamos para de ACNUR da Cáritas ou da Asav quando a ACNUR ia embora nos castigavam. Pagávamos muito alto, uma verdadeira tortura psicológica e financeira, uma tortura pela vida toda. Tudo porque a gente reclamava. E nós avisávamos isso à ACNUR. Porque a Asav ficava com raiva e descontava.
Esse é um dos principais motivos para estarmos aqui. Depois de um ano e meio de tortura lá, viemos para falar com eles, cara a cara. Porque não temos mais tempo. Em um ano e meio, não nos adaptamos aqui. Não falamos português, não tivemos nada dos serviços que eles falaram. E daqui três meses [7 de setembro] o programa vai acabar e para onde vamos? Para a rua?
Então acho que esse é o principal motivo para virmos para Brasília.

Causa Operária: E qual a reivindicação do acampamento e da vinda para Brasília?
Farouq: Tem quatro pessoas que estão há um ano na rua eu Farouq e outros três.
Nesse tempo de greve que estivemos na frente, na porta do ACNUR, na QL 24 Conjunto 4 casa 36, eles usaram todo tipo de tortura, de terrorismo contra a gente. Sendo que nós estávamos lá só para exigir um direito nosso.
Uma vez uma pessoa chamada Margarida [funcionária da ACNUR], eu estava dormindo às 6h40 da manhã, sendo que o ACNUR abre, às 9h, 9h30.
Ela subiu em cima dele com um jipe [tudo isso está filmado, a advogada foi até lá e registrou até a marca do pneu em cima dele].
Como se não bastasse, a noite eles sofreram uma tortura ainda maior. Ela chamou a Polícia Federal, a polícia do governo brasileiro para tirar dois velhos refugiados de lá. Foram mais de 90 policiais federais naquela noite para tirara gente de lá à força.
Intérprete: Ela falou que eles tinham ameaçado ela, de matá-la. Eu era testemunha, eu que traduzia. Eles nunca tinham falado isso. Eu falei isso para a Polícia Federal.
Então ela foi mandada embora. Mas, agora cadê o governo brasileiro?
Farouq: Nos deixaram sem salário um ano e dez meses. Eles estão nos matando, sem comer, sem beber, sem nada, então não vamos fazer greve?

Causa Operária - E qual a reivindicação para o acampamento? Para vocês estarem aqui agora?

Farouq: Não queremos ficar aqui no Brasil. Queremos ir para onde estão nossos familiares.
Interprete: Eles já fizeram essa solicitação oficialmente. Cada um deles. Uma documentação grande com advogado. Mas até agora nada.
Tem um refugiado que está sofrendo uma doença gravíssima, e que por que nós fomos atrás ele está sendo tratado no Hospital de Base [hospital público de Brasília].
No caso desse palestino o primeiro castigo que eles deram para ele quando ele veio aqui para buscar o tratamento, só para reclamar para o ACNUR avisar o que estava acontecendo tiraram o salário dele. Com isso como ele poderia voltar? Então ficou na rua sete meses e isso e nesse período, eles entraram no apartamento deles, tiraram todos os móveis dele fecharam a porta, trocaram a fechadura, até a roupa dele, as coisas pessoais, todas as coisas foram tiradas de lá. Então como ele pode voltar pra lá? Se não tem mais nada?
Ele gosta do povo brasileiro, mas está muito chateado com o governo brasileiro que até agora mantém a mão dele por cima só apoiando a ACNUR, acreditando na ACNUR.

Causa Operária: E vocês acham que existe algum tipo de exigência ou de influência dos EUA ou de Israel para que os palestinos refugiados no mundo sejam tratados dessa maneira?

Advogado - Na medida em que existe essa pressão. Fica a dúvida sobre a serviço de quem a ACNUR realmente está.
Depois de tudo o que eu sofri com o Estado de Israel é um inimigo que identificamos. A gente sabe. Mas a ACNUR? Era para ser mais humana.

Ahmand - O Javier prometeu, eu pago tudo pra ti, mas não cumpriu nada.

Salin - Nós não temos nenhum problema com o povo brasileiro, nem com o Brasil, como país. Nosso problema é que foi tudo mentira o que o ACNUR colocou. E esse problema acaba com o futuro dos nossos filhos.
Minha filha, por exemplo, tem 17 anos e está noiva do primo dela, mas a representante da Asav, Karin, disse que não dava autorização para eles casarem. Então eles estão invadindo nossa vida pessoal. Esse é um dos primeiro ponto.
E agora como nós viemos aqui para reclamar com o ACNUR, o que a ONG [Asav] fez? Tirou todo o serviço financeiro, tudo o que a tínhamos agora está cortado. Por quê? Porque eu vim pra cá para que minha filha se casasse com o primo dela e meu filho estudasse. Eu estou pagando por isso. Então não dá mais para continuar aqui, eu só quero sair do Brasil. Esse é o nosso problema.
[No Rio Grande do Sul], a mulher responsável pelos refugiados através da Asav era uma judia que sempre usava aquela estrela e fala com muito orgulho de Israel, que é israelense e sempre repetia isso. O que por si só já deixava a gente muito mal. Mas nunca tínhamos sentido nada a respeito dela até que ela proibiu minha filha de se casar com o primo. Mas qual pecado nisso? Em qualquer religião do mundo as pessoas se casam. Aqui no Brasil todo mundo namora. Na nossa cultura tem que ter casamento para eles terem a vida sexual, familiar e tudo. É uma menina virgem e um menino virgem que querem se casar e eles proibiram isso. E a gente quer manter, cuidar da nossa cultura na criação dos nossos filhos, mas não respeitaram isso.
Na ACNUR a situação é a mesma. Os altos funcionários da ACNUR, aqui [em Brasília] também de Israel, são judeus. Então eles proibiram o casamento dos nossos filhos porque quem não quer a união familiar de uma pessoa palestina com outra, querendo acabar com a família palestina, ou com o futuro da Palestina, aliás com o povo palestino é o Mossad, Israel. Então esse foi o maior motivo para ela proibir o casamento dos nossos filhos. Por que eles querem acabar com todos os palestinos do mundo.
A decisão de eles se casarem faz parte da nossa religião, da nossa cultura é nosso direito.


Causa Operária: Então a situação piorou depois que vocês decidiram protestar contra a ACNUR e vieram lutar por seus direitos aqui em Brasília?
Huda: Alguns ainda estão recebendo o salário, mas não temos serviço médico, então tudo que entra vai pra dívidas, para remédios... Eu estou na rua. Não tenho casa para eu voltar. Para onde eu vou voltar? Então eu fico aqui em Brasília para protestar.

Causa Operária: No fim das contas vocês foram trazidos para serem “cuidados” por israelenses.
Palestino refugiado (não quis se identificar) - Porque eles foram e só poderiam trabalhar na Sadia? Porque eles não sabem falar português e nessa fábrica no Paraná os donos são árabes. Se nós não fossemos mulçumanos, nem árabes eles nem dariam esse emprego. Porque o jeito que eles usam para matar frango é um jeito mulçumano.
Mais uma coisa, nós não somos racistas. Não é que não queremos nos misturar com brasileiro. O palestino, mesmo na religião mulçumana ele pode casar com brasileiro e tem muitos exemplos de refugiados que se casaram com brasileiros. Porque o amor não vê isso e a religião permite. Os primos decidiram casar porque se amam. Só para deixar isso claro.
Dá para ver que todo mundo lá, nas ONG’s e na ACNUR não gostam de nós. Porque a maioria deles estão lá como funcionários, mas não foram treinados para trabalhar com refugiados, nem psicologicamente nem nada. Porque só pelo olhar dá pra ver que eles olham com humilhação para gente. Tratavam mal a gente. Quando estávamos na frente da ACNUR alguns deles só saíam com policiamento. Tratavam-nos muito mal. Uma verdadeira tortura. Direta e indiretamente. Podem ter diploma e tudo, mas não estão preparados para lidar com pessoas. Não parecem humanos. Nos tratavam como escravos. E dizem fazer programa para refugiado. Cadê o programa para refugiado que diz a sigla da ACNUR?
Nós não sabemos quais são os nossos direitos aqui no Brasil. Ninguém nunca esclareceu quais são os direitos dos refugiados aqui no Brasil. Quais são os nossos direitos? Não tem nenhum protocolo, não tem nada documentando que explique e apresente uma saída para os nossos problemas. .


Causa Operária: Ocorreu o ataque a Faixa de Gaza no começo deste ano. Na ocasião os tanques de combate israelenses entraram em território palestino e atacaram escolas da ONU matando mulheres e crianças.
Na sua opinião, quais os interesses desse ataque do Estado de Israel?

Entrevistado: Uma guerra que acaba com qualquer ser humano, é uma coisa terrível e torturante. Ninguém poderia aceitar isso.
Não aceitamos o que está acontecendo no Iraque, na Faixa de Gaza etc.
O que acontece aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, por exemplo, nas favelas, com as crianças drogadas na rua, tudo isto mexe conosco.
Todos nós somos humanos e qualquer tipo de sofrimento nos faz mal, independente do local.
Não é possível não nos envolvermos com estes acontecimentos da [Faixa de Gaza] porque somos palestinos, mesmo que não estejamos lá.
Como humano o que ocorreu na Faixa de Gaza não é aceitável contra qualquer povo do mundo, seja palestino ou não.
Uma desculpa terrível que Israel usa é dizer que “a gente está se defendendo desse povo [palestinos]”.
Se fosse em qualquer outro lugar eu já seria contra, mais ainda quando se trata da minha terra que até agora não conheci pois tive que me refugiar por causa da guerra.

Eu peço desculpas por não ter me adaptado. Eu tinha o sonho de ficar no Brasil. Mas agora eu tenho dois desejos: quero voltar para a Palestina ou ir para o campo de refugiados onde eu estava.
Torço para que o governo brasileiro nos escute. Esperamos que o governo nos escute e discuta com a gente o nosso problema e deixe realizar uma dessas duas opções.
Estamos deprimidos e traumatizados pela tortura psicológica que sofremos.

Causa Operária: Porque isto que parece ser tão simples se tornou algo muito complicado?

Refugiado: Porque até agora nenhuma pessoa do governo se dispôs a ajudar a gente ou encaminhou nossa situação.
Isto ocorre porque lei aqui no Brasil é para quem é rico, quem tem poder. Estamos aqui há um ano e sete meses e o governo não nos escuta, só escuta o ACNUR. Pelo fato de sermos refugiados pobres o governo brasileiro não olha para nós.
Estamos refugiados no Brasil e o governo não deveria deixar a situação chegar neste ponto, o que é algo muito feio para o governo brasileiro e para quem gosta deste País.
Agradecemos aos brasileiros. Quem nos ajudou neste período foram nossos vizinhos brasileiros e os amigos que fizemos aqui. Parece que o programa [para refugiados] foi feito por eles. E não por quem ficou de nos acolher e cuidar.
Já faz dois meses que não temos nenhum contato com a ACNUR. Eles se mudaram [do local onde os refugiados ficaram acampados anteriormente] e só o governo brasileiro sabe onde eles estão. Mas o governo brasileiro não nos procura. O programa vence agora em setembro, vão ser pelo menos cinco meses abandonados. O que vai ser de nós?

Causa Operária - Vocês têm informações sobre outros refugiados palestinos? Qual a situação deles?

Refugiado - Eles estão bem, 90% dos nossos familiares estão morando em países como a Suécia e a Dinamarca. Lá existem programas específicos destes países. Programas dos países e não da ACNUR, das Nações Unidas. Na América Latina [Chile, Brasil] é que esse programa está sendo feito através da ONU, da ACNUR.

Causa Operária - Como a imprensa tem tratado o problema de vocês, e a questão palestina de uma forma geral?

Refugiados: Não tem justiça na imprensa. Eles favorecem e são financiados pelos Estados Unidos e Israel. A imprensa só publica o que eles querem.
Existem poucos jornalistas com consciência e é por isso que a verdade não aparece.
Já demos várias entrevistas, mas as coisas não são publicadas de forma completa.
Os assessores de imprensa da ACNUR controlam tudo o que é publicado, enviam a sua versão dos fatos e essa versão que é divulgada.

Causa operária: Na opinião de vocês, como é possível solucionar o problema de vocês e da Palestina?

Refugiado: Quando for criado o Estado Palestino, quando for resolvida a causa Palestina será resolvida também a nossa causa. Mas parece que uma coisa é tão difícil quanto a outra.
No Brasil as forças contra os palestinos que estão aqui, o ACNUR, o Mossad, os sionistas as pessoas que tem mais dinheiro tentam falar contra os palestinos acusando-os de terroristas para sujar o nome dos palestinos e eles que são os responsáveis por tudo isso, ficarem bem na história.
Nós defendemos Brasil quando o Brasil nos defende. Nós gostamos de trabalhar com os trabalhadores, os sem-terra, a esquerda, nós somos pessoas que procuramos paz.
Finalmente eles fizeram algo muito errado contra nós. Nos roubaram e enganaram e nós descobrimos isso. E apesar de poderosos eles tem medo da gente.


Fonte: Jornal da Causa Operária
Site: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=14880

La "jungle" de Calais évacuée devant les caméras

L'opération de démantèlement des campements de migrants sans papiers dans la "jungle", ce bidonville constitué en zone boisée aux abords du port de Calais (Pas-de-Calais), a eu lieu, mardi 22 septembre, en tout début de matinée. Peu avant 7 h30, des cars de CRS ont encerclé le camp pour l'évacuer. Dès 6 heures, ceux qui, dans la jungle étaient réveillés avaient fait se lever ceux qui dormaient encore. Ils s'étaient alors regroupés au centre du camp, autour de feux de palettes, faisant masse en attendant la police. Autour, une bonne cinquantaine de journalistes attendaient depuis le milieu de la nuit.
Après avoir investi la jungle, 500 policiers ont séparé les majeurs et les mineurs : un bon nombre des migrants encore présents dans la jungle étaient en effet des enfants ou des adolescents, âgés d'au plus 16-17 ans. Un total de 278 migrants, dont 132 se déclarant mineurs, ont été interpellés, a indiqué le préfet du Pas-de-Calais, Pierre de Bousquet de Florian.

Entre les mains des policiers, beaucoup de ces enfants pleuraient, inquiets de leur sort. L'évacuation s'est passé assez rapidement (moins d'une heure), fermement et sans trop de heurts, si ce n'est quelques altercations entre la police et une trentaine de militants "No border". A peine avaient-ils été sortis du camp, trois bulldozers, plusieurs camions, une équipe de nettoyage spécialisée et une équipe de bucheronnage arrivaient pour "rendre le terrain à son état naturel" , pour reprendre l'expression du ministre de l'immigration, Eric Besson.
Le préfet a indiqué, après l'opération de police, que les migrants majeurs ont été placés en garde à vue, alors que ceux qui se sont déclarés mineurs ont été placés dans des "centres spécialisés". Une centaine de places d'hébergement d'urgence dans le Pas-de-Calais a été mobilisé et quelque 500 dans le reste du réseau national.
Intervenant sur l'antenne de RTL, au moment même où débutait l'opération d'évacuation, Eric Besson a affirmé que son objectif était de "démanteler cette jungle qui est le camp de base des passeurs". "La jungle n'est pas un camp humanitaire", a-t-il insisté.
La veille de l'opération, il régnait une ambiance de "drôle de guerre" autour de la jungle. Alors qu'ils étaient encore près de 700, essentiellement d'Afghans, il y a une dizaine de jours à errer, ils n'étaient plus que 200 à 250, lundi, plus désemparés que réellement inquiets. Depuis l'annonce, mercredi 16 septembre, par M. Besson, de l'imminence de l'opération, beaucoup avaient fui vers la Belgique et les Pays-Bas, voire la Suède ou la Norvège. D'autres se sont simplement disséminés dans la nature. Un nombre non négligeable ont même réussi à passer de l'autre côté de la Manche.
Le préfet du Pas-de-Calais, M. Bousquet de Florian, assure que depuis une semaine, il n'y a "pas un migrant qui n'ait été informé, par les policiers ou les associations, des solutions qui s'offraient à eux".
Toute la semaine, une quarantaine d'agents de la police aux frontières (PAF) se sont rendus dans la "jungle" pour prendre l'identité des présents et leur expliquer qu'ils pouvaient faire une demande d'asile ou bénéficier de l'aide au retour volontaire. M. Bousquet de Florian ne cachait toutefois pas que "tous ceux qui refuserait le jour J l'une ou l'autre de ces propositions, risquaient de dormir le soir même au centre de rétention", en vue d'une expulsion.
Depuis le 5 mai, 343 migrants ont été reçus par une permanence de recueil des demandes d'asile qui a été ouverte à Calais deux demi-journées par semaine. Parmi elles, 169 ont un dossier en cours d'instruction mais seules 50 se sont vues délivrer une autorisation provisoire de séjour (APS) leur permettant d'ouvrir officiellement une demande d'asile. Les autres sont reparties dans la jungle, non sans avoir été repérées, grâce à leurs empreintes digitales, comme étant enregistrées dans le premier pays européen de l'espace Schengen qu'elles ont foulé.
En vertu du réglement de Dublin II , elle sont susceptibles d'être renvoyées dans ce pays en cas d'interpellation. Seule la cinquantaine de migrants ayant obtenu une APS s'est vu offert un accueil dans un Centre pour demandeur d'asile (CADA).

Les associations humanitaires dénoncent ce qu'elles appellent "un jeu de bonneteau européen". "Pour sortir de la loi de la jungle, il faut remettre le système d'asile européen sur pied en arrêtant de dénier aux personnes leur droit à une protection", relève Thomas Suez de l'association Terre d'errance.

Les organisations voient dans l'évacuation de la "jungle" une "manipulation" développée à grand renfort de publicité, qui, relève Vincent Lenoir de l'association Salam "permet au ministre de l'immigration, Eric Besson, de faire une démonstration de force sans trop de heurts". Mais qui, au final se révélera "inefficace et aggravera la situation des migrants".

Malgré les dénégations de M. Besson, qui affirme vouloir démanteler les réseaux de passeurs, les associations estiment que la destruction de la jungle ne peut que "livrer encore plus les migrants aux réseaux de passeurs, car contraints de se cacher, ils seront plus que jamais vulnérables à la loi des mafias". Depuis la fermeture, en 2002, du centre géré par la Croix-Rouge à Sangatte (Pas-de-Calais), par l'ancien ministre de l'intérieur, Nicolas Sarkozy, on est passé à plus d'une quinzaine de campements qui s'étire sur la côte de la Manche. "Avec cette opération, on verra moins massivement les migrants, mais ils finiront par réapparaître", prédit un militant associatif.
Jonathan Parienté e Laetitia Van Eeckhout
Fonte: Le Monde

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Grupo está integrado, diz Cáritas

Apesar da preocupação dos refugiados palestinos com o fim do auxílio financeiro a partir de janeiro de 2010, o coordenador do Programa de Reassentamento Solidário em São Paulo, Antenor Rovida, acredita que os asilados em Mogi possuem toda a possibilidade de “seguir adiante”. Mesmo com o fim da assistência, ele disse que a Cáritas Brasileira manterá alguns serviços, como cursos de capacitação profissional, oferecidos por meio de convênios com instituições de ensino, e tradução de documentos. O representante da entidade rebateu críticas e garantiu que muitos dos refugiados estão empregados e em “bom processo” de integração. Em entrevista concedida por e-mail a O Diário, Rovida falou das dificuldades enfrentadas nestes dois anos de trabalho e pontuou que os palestinos esperavam muito mais do que o Programa oferecia. Este último item, segundo ele, foi o principal gerador de conflito com a organização. “Fizemos todos os esforços possíveis para beneficiá-los e ajudá-los”, destacou. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

O senhor avalia que os palestinos já possuem condições de viver sem o auxílio financeiro? Haverá algum tipo de acompanhamento posterior?

O objetivo do benefício oferecido é o de dar um apoio inicial para recomeçarem suas vidas. Normalmente, o padrão do Programa de Reassentamento oferece um ano de apoio. No caso dos palestinos, eles receberão dois anos e três meses. Vários estão trabalhando e buscando sua autonomia. Nós acreditamos que eles têm toda possibilidade de seguir adiante. Em relação ao acompanhamento posterior, mantemos a disponibilidade de oferecer cursos de capacitação, através de convênio que temos com o Senai/Senac. E temos dado acompanhamento para tradução juramentada de documentos para aqueles que queiram e possam seguir com os estudos. Além disso, temos dialogado e realizado inúmeras reuniões com o Comitê Estadual para Refugiados de São Paulo a fim de incluí-los nos programas de habitação e na continuidade de atendimento na área da saúde.

Quantos já estão empregados?

Preparamos os contatos com vários segmentos da sociedade local para que eles fossem acolhidos, inclusive com a Sociedade Islâmica de Mogi das Cruzes, que por sinal, deu muito apoio e os acolheu desde a chegada, inclusive indicando trabalho para vários deles. Porém, a adesão ao trabalho é pessoal. Manter-se no trabalho é responsabilidade de cada pessoa. Fizemos contato com a Secretaria de Estado do Trabalho e há possibilidades de vagas de emprego, que estamos identificando.

Sabemos que algumas famílias montaram negócios próprios. Contudo, elas dizem que contraíram dívidas para conseguir montar o negócio e não conseguem sobreviver dele.

Não cabe ao Programa monitorar os compromissos financeiros assumidos pelos refugiados, que com a documentação que possuem têm possibilidade de acessar programas de microcrédito e produtos bancários, dentro da sua capacidade de endividamento. Esta é uma decisão de caráter privado e autônoma.

Quais foram as principais dificuldades nestes dois anos?

As dificuldades foram basicamente pelo não entendimento dos refugiados em relação ao papel de cada organização dentro do Programa (Cáritas, Alto Comissariado da ONU para Refugiados e governo federal). Outro ponto foi a informação muito superficial sobre as condições de saúde do grupo enquanto ainda estavam no campo de refugiados. Com a precariedade do estado de saúde de várias pessoas, houve uma exigência muito grande com demandas de muito tempo somente para o atendimento de saúde. Por outro lado, eles não aceitavam as condições do sistema público, apesar dos esforços de cooperação da Secretaria de Estado da Saúde e sobretudo da Secretaria Municipal de Saúde, facilitando o agendamento, buscando médicas para atender as mulheres e médicos para os homens, etc. A diferença cultural também dificultou o relacionamento com os refugiados. Construir o mínimo de relação, que muitas vezes era de tensão, foi um desafio tanto para eles quanto para a equipe da Cáritas. O aprendizado do idioma também foi um grande desafio, mesmo com um esforço de várias etapas de estudo. Houve ainda a interferência de atores externos, que acabavam ouvindo o lado dos refugiados sem saber as regras do Programa e da legislação que rege o direito do refúgio no Brasil.

Foi possível superar os obstáculos ou ainda há barreiras?

Nós que trabalhamos com refugiados há anos acreditamos que as dificuldades podem ser vencidas e temos visto isso com várias pessoas e grupos. Mas isso depende do esforço e disposição de cada um. Uma parte significativa dos refugiados já está num bom processo de integração. Fizeram amigos nos locais onde moram, vários estão trabalhando, as crianças estão estudando. Todos têm acesso às políticas públicas, como qualquer brasileiro.

O fundamental e mais importante é que eles têm direito a um território. Ninguém os persegue e com esforço e espírito de luta eles podem e estão construindo um novo futuro.

Em muitos momentos, houve problemas no relacionamento entre a Cáritas e os palestinos. Qual é o ponto principal de desavença?

Todo refugiado é um sobrevivente. Até chegarem num território como o Brasil, eles já passaram por situações muito difíceis e enfrentaram muitos problemas e desafios. Quando chegaram, esperavam mais do que o Programa oferecia e com isso iniciou o processo de pressão, reivindicação e protestos. A organização não tem autonomia e nem meios para atender a tudo o que eles queriam, pois o Programa não previa várias demandas que os mesmos reivindicavam. Isso é o que provocou os problemas de relacionamento. Nós fomos resistindo e buscando fazer o nosso trabalho, tentando administrar os conflitos, preservando os mesmos e não entrando em polêmicas para respeitar a privacidade deles. Percebemos a influência de pessoas e grupos externos, que muitas vezes criavam situações difíceis de serem administradas. Procuramos respeitar ao máximo possível a liberdade deles e buscar apoio dos órgãos competentes. Seguimos as regras do Programa e fizemos todos os esforços possíveis para beneficiá-los e ajudá-los. Somos fiscalizados e passamos por auditoria externa todos os anos.

Fonte: O Diário

domingo, 20 de setembro de 2009

Número de refugiados no Brasil dobrou em dez anos

O Brasil abriga 4.153 refugiados, estatuto que foi pleiteado pelo militante italiano Cesare Battisti. Esse número dobrou na última década - eram 1.942 em 1998. Proporcionalmente ao número de refugiados no mundo, no entanto, ele continua pequeno.
* Até 15 de julho
O refúgio é um instituto internacional que visa a proteção de pessoas com "fundado temor de perseguição", não necessariamente política - a perseguição pode se dar por questões como religião, grupo social, nacionalidade, raça ou até mesmo por "grave e generalizada" violação dos direitos humanos no país de origem. Uma vez concedido o refúgio, o país que faz a acolhida garante a não devolução do refugiado ao país de origem. Ele só volta se manifestar expressamente o desejo de que isso ocorra e se for constatado se os problemas que levaram à concessão do refúgio de fato foram superados.Os refugiados acolhidos no Brasil têm origem em 72 países. São 2.711 refugiados africanos, dentre os quais se destacam os angolanos - 1.688. Os dados são do Conare (Comitê Nacional para Refugiados) e estão atualizados até 15 de julho. O fluxo de refugiados da África, no entanto, diminuiu nos últimos anos, em boa medida devido ao fim do conflito armado em Angola, em 2002. "Não há mais angolanos chegando", conta Heloísa Nunes, coordenadora do programa de atendimento a refugiados no Rio da organização não governamental Cáritas, que mantém convênio com o Ministério da Justiça.Segundo ela, o processo de concessão de refúgio costuma levar cerca de seis meses, do momento em que o estrangeiro faz a solicitação até a análise definitiva pelo Conare."Uma das principais dificuldades que o refugiado enfrenta é o desconhecimento do tema pela população. As pessoas muitas vezes acham que ele deve alguma coisa à Justiça em seu país de origem", diz Heloísa. Segundo ela, o caso Battisti, condenado pela Justiça italiana, uma decisão que contesta, não teve nenhuma influência em relação a esse quadro.
Os refugiados, além de enfrentarem dificuldades com a língua, também reclamam de dificuldades no acesso ao mercado de trabalho. Uma das principais demandas que a Cáritas busca atender é a concessão de documentação - especialmente a identidade (registro nacional de estrangeiro) e a carteira de trabalho.ConflitosConflitos armados e guerras civis são os principais causadores de deslocamentos humanos que resultam em refúgio. Segundo ela, no Rio de Janeiro, a maioria dos novos refugiados tem origem na Colômbia, em que atuam milícias de direita e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), e na República Democrática do Congo. O Brasil, proporcionalmente ao resto do mundo, recebe poucos refugiados. Segundo relatório anual do Alto Comissariado da Organização Nacional Unidas para Refugiados, divulgado em junho, havia no mundo 15,2 milhões de refugiados e 827 mil casos pendentes de pedido de asilo. Esses 16 milhões de pessoas integram um total de 42 milhões de deslocados.O pequeno número de concessões de refúgio no Brasil está ligado a uma questão geográfica. Normalmente, o país que mais recebe refugiados é aquele que tem fronteira com o país em conflito. Assim, o país que mais "exportou" refugiados em 2008, de acordo com a Acnur, foi Afeganistão (2,8 milhões), e o que mais recebeu, seu vizinho Paquistão (1,8 milhão). Os segundos colocados nas respectivas categorias são Iraque (1,9 milhão) e Síria (1,1 milhão).
fonte: Haroldo Ceravolo Sereza do UOL Notícias em São Paulo

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Senado aprova projeto que agiliza extradição de estrangeiros

17 de setembro de 2009 • 01h10

O Senado aprovou nesta quarta-feira um projeto que prevê a participação da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) nos pedidos de prisão preventiva e de extradição de estrangeiros no Brasil. A decisão foi tomada nesta quarta-feira pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que aprovou, em caráter terminativo, alteração no Estatuto do Estrangeiro com o objetivo de agilizar as condições de prisões e extradição. As informações são da Agência Senado.

Pela atual legislação, a extradição somente pode ser solicitada por autoridade competente, agente diplomático ou consular do Estado requerente.

Pelo projeto acolhido, o Estado interessado na extradição poderá, antes da formalização do pedido, requerer a prisão preventiva do extraditando. Prevê ainda que a Interpol possa requerer a prisão temporária de estrangeiro pelo prazo de até 30 dias.

A lei em vigor não prevê a participação da Interpol no processo. Determina que, em caso de urgência, a prisão preventiva pode ser pedida, desde que solicitada por autoridade competente. O pedido deve informar o crime cometido e fundamentar-se em sentença condenatória, auto de prisão em flagrante, mandado de prisão ou ainda fuga do indiciado.

O projeto determina que a extradição de estrangeiro poderá ser concedida se formalmente requerida por Estado soberano para fins executórios de ação penal.

O documento também prevê que o Ministério das Relações Exteriores remeta o pedido de extradição ao Ministério da Justiça para análise dos requisitos formais.

Segundo o projeto, nenhuma extradição será concedida sem o prévio pronunciamento do STF sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.

Redação Terra

Dois ataques aéreos deixam 87 mortos e 40 feridos no Iêmen

Dois ataques da força aérea do Iêmen causaram 87 mortos e 40 feridos em um acampamento de refugiados das zonas de conflito com xiitas do norte do Iêmen, informaram testemunhas.

Segundo fontes tribais, os bombardeios aconteceram na tarde dessa quarta-feira na província de Omrán, ao noroeste de Sana, e entre as vítimas há mulheres, crianças e idosos, que viviam em condições precárias no acampamento.

Trata-se do pior ataque desde o começo da ofensiva do governo do Iêmen contra os rebeldes xiitas do norte do país, que começou no dia 11 de agosto.

O ataque foi dirigido contra o acampamento, formado por barracas de plásticos e materiais descartáveis, pelo que as fontes não descartaram que a aviação iemenita pensasse que se tratava de rebeldes em lugar de refugiados.

A zona se chama Alaadi em Harfsufian e nela os refugiados regularmente se encontram encurralados entre os enfrentamentos. O assentamento está perto de uma estrada controlada pelos rebeldes que une Harfsufian com a próxima província de Al Jawf.

Nem o governo do Iêmen nem seu Exército se pronunciaram sobre os fatos. Os enfrentamentos entre rebeldes xiitas do norte, seguidores do clérigo Abdel Malek al Huti, começaram em abril de 2004 após acusarem ao Governo de Sana de ignorar as reivindicações da população local.

Fonte: Terra Networks

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Asylrecht Europäisches Recht und griechische Praxis

13. August 2009 Am 20. Oktober 2007 verließ Kaveh P., ausgestattet mit gefälschten Papieren, sein Heimatland, die Islamische Republik Iran, mit einem Flugzeug von Teheran in Richtung Istanbul. Monate zuvor war der schmächtige Mann Ende zwanzig, ein gelernter Tischler, untergetaucht, nachdem Revolutionswächter seine Wohnung durchsucht hatten, als er gerade nicht zu Hause war. P. hatte an einer Gedenkveranstaltung auf dem Khawaran-Friedhof im Südosten Teherans teilgenommen. Dort hatte das Regime im Sommer 1988 die Leichname hingerichteter politischer Gegner anonym vergraben lassen; Hunderte, möglicherweise Tausende liegen dort, unter ihnen auch der Onkel von P. Ein stiller Protest unter den wachsamen Augen des Regimes - nun fürchtete er die möglichen Folgen.

Er wollte nach Deutschland, nach Frankfurt am Main, wo seine Eltern als anerkannte Flüchtlinge leben. Sein Weg führte von Istanbul nach Athen. In der griechischen Hauptstadt blieb P. einige Tage, ehe Verbindungsleute die Weiterreise nach Frankfurt organisiert hatten. Nach der Landung am 25. Oktober fielen dort - noch auf dem Rollfeld - bei einer Kontrolle die gefälschten Papiere auf. P. gab sich, so berichtet das Verwaltungsgericht Frankfurt am Main in seinem Urteil in der Sache „Kaveh P. gegen Bundesrepublik Deutschland“ vom 8. Juli dieses Jahres, „gegenüber der vernehmenden Bundespolizei als Asylsuchender zu erkennen“, der Iran „aus Furcht vor drohender politischer Verfolgung“ verlassen habe.

Aus dem Einzelfall P. könnte der Präzedenzfall P. werden

Dieses Urteil, das das Aktenzeichen 7 K 4376/07.F.A(3) trägt, macht das nun folgende Asylverfahren zu einem besonderen Verfahren, an dessen Ende aus dem Einzelfall P. der Präzedenzfall P. werden könnte - mit Bedeutung insbesondere für die Anwendung der sogenannten Dublin-II-Verordnung vom 18. Februar 2003: Demnach ist derjenige EU-Mitgliedstaat für die Prüfung des Asylantrags zuständig, in den der Flüchtling oder Migrant zuerst eingereist ist. Wird der Antrag in einem anderen Land gestellt, kann dieses den Betreffenden dorthin abschieben oder von einem Selbsteintrittsrecht Gebrauch machen und so das Verfahren an sich ziehen.

P. ist in Deutschland und, soweit bekannt, auch in ganz Europa der erste Asylbewerber, dem ein Gericht das Recht auf ein Verfahren im Zielland - Deutschland - zuerkannt hat, obwohl er schon abgeschoben worden war. Dass es dazu kam, liegt, daran lässt das Frankfurter Urteil keinen Zweifel, an den Bedingungen, unter denen Asylverfahren in dem EU-Mitgliedstaat ablaufen, über den P. nach Deutschland gelangte. Dass gerade P. dieser Vorreiter wurde, liegt daran, dass er Verwandte in Deutschland hat: Seine Eltern schalteten die Hilfsorganisation Pro Asyl sowie die Rechtsanwältin Ursula Schlung-Muntau ein, die entschieden, ein Musterverfahren zu versuchen. Denn der Fall P. ist aus ihrer Sicht auch ein Fall Griechenland. Berichte über Zehntausende Asylanträge, die nicht bearbeitet werden, über mittel- und obdachlose Migranten und Flüchtlinge auf den Straßen von Athen sind Legion. Im Juli zerstörten Planierraupen ein Lager in der Hafenstadt Patras, wo vor allem Afghanen gehaust hatten. „Die Auswirkungen dieser Situation hat Herr P. exemplarisch erlebt“, sagt Frau Schlung-Muntau.

Unter Hinweis auf die Zuständigkeit Griechenlands lehnte das Bundesamt für Migration und Flüchtlinge im Dezember 2007 den Asylantrag des Iraners ab. Auch ein Eilantrag beim Verwaltungsgericht Frankfurt blieb erfolglos: Zwar empfahl das Flüchtlingswerk der Vereinten Nationen (UNHCR) dem Gericht, bei Rückführungen nach Griechenland sehr vorsichtig vorzugehen, wenn nicht im Einzelfall der Zugang zu einem fairen Verfahren und angemessene Aufnahmebedingungen garantiert würden. Es gebe dort 40 000 unbearbeitete Anträge; im Jahr 2006 hätten in Griechenland 528 Iraner einen Asylantrag gestellt, nur acht von ihnen sei der Flüchtlingsstatus zuerkannt worden. Insgesamt seien in dem Jahr nur 64 Personen als Flüchtlinge in Griechenland anerkannt worden, eine Quote von 0,61 Prozent. Auch habe Griechenland immer noch keine Mindestnormen für die Aufnahme von Asylbewerbern erlassen; so gebe es kaum eine Chance, eine Unterkunft zu erhalten. Asylverfahren würden „abgebrochen“.

Doch das Bundesamt wies auf Zusicherungen der griechischen Stellen hin; auch werde die deutsche Botschaft in Athen informiert, um das Verfahren zu beobachten. Diese Argumente reichten dem Verwaltungsgericht damals aus. Am 23. Januar 2008 wurde P. nach Griechenland überstellt.

Essen gab es nur sporadisch

In der Kanzlei seiner Anwältin berichtet Kaveh P. mit Hilfe eines Übersetzers, wie er am Flughafen von Athen sofort in Gewahrsam genommen wurde. 16 Personen seien auf engem Raum zusammengepfercht gewesen. Man habe auf dem Boden schlafen müssen, nur sporadisch zu essen bekommen, die Toilette sei verdreckt gewesen. Schon am ersten Tag nach der Ankunft wurde P. zu den Gründen seiner Ausreise befragt, zusammen mit neun oder zehn weiteren Personen, ohne offiziellen Übersetzer und ohne Rechtsbeistand. Eine Beamtin richtete ihre Fragen auf Englisch an einen Afghanen aus der Gruppe, der etwas Farsi sprach und für P. übersetzte. P. sagte etwas, der Afghane gab etwas weiter, die Beamtin schrieb etwas auf Griechisch nieder. Schon nach drei bis vier Minuten unterschrieb P. ein Formular.

Das Verwaltungsgericht Frankfurt stellt in seinem Urteil fest, dass diese Anhörung für das gesamte Asylverfahren des P. in Griechenland maßgeblich gewesen wäre - und dass die Umstände der Befragung nicht griechischem Recht, „geschweige denn“ europäischem Recht entsprachen. Eine griechische Anwältin, von den deutschen Helfern eingeschaltet, spürte P. schließlich am Flughafen auf; das Erste, was sie ihm brachte, war eine Zahnbürste. Sie erreichte auch, dass P. freigelassen wurde, nach zehn Tagen Haft. Er bekam die „Rote Karte“, die ihn als Asylantragsteller mit einem auf sechs Monate befristeten legalen Status auswies.

Arbeiten durfte er damit nicht, eine Unterkunft wurde ihm nicht zugewiesen, Hilfsleistungen gab es nicht. P. schlief mal im Park, mal für fünf Euro je Nacht in verlassenen Häusern, die demnächst abgerissen werden sollten. Das Geld verdiente sich P. als Straßenmusiker, er spielte Gitarre, ein anderer sang, man bot Flamenco. Meist verjagte sie die Polizei. Als er in der zentralen Ausländerbehörde in der Petrou-Ralli-Straße 24, wo Tausende Migranten und Flüchtlinge meist vergebens auf Termine warten, seine „Rote Karte“ verlängern lassen wollte, warf ihm ein Beamter das Papier vor die Füße und fragte wütend, was er denn hier wolle.

„Ich war glücklich, wenn ich einmal am Tag etwas zu essen bekam“, sagt P. Auch war er ständig in Sorge, nach Iran zurückgebracht zu werden - schließlich hatte er die Gründe seiner Flucht nicht darlegen können. Eine Postadresse - für das Verfahren von essentieller Bedeutung - hatte P. erst, nachdem er jemanden dafür bezahlt hatte, sich als dessen Untermieter ausgeben zu dürfen.

Das Ermessen „auf Null reduziert“

Derweil machten seine Helfer in Deutschland mobil: Für die Klage gegen die Ablehnung des Asylantrags fertigte Pro Asyl ein Gutachten zur aktuellen Situation der Asylsuchenden in Griechenland, berichtete unter anderem von ungeklärten Todesfällen unweit der Petrou-Ralli-Straße. Der Menschenrechtskommissar des Europarats, Thomas Hammarberg, sah „schwere, systemische Defizite in der griechischen Asylpraxis“. Der griechische Ombudsmann rügte, dass seit Ende September 2007 die Ausländerbehörde keine Asylanträge mehr annehme. Und das UNHCR, auf dessen Stellungnahme sich das Verwaltungsgericht maßgeblich stützte, sah für „Dublin-Rückkehrer“ an nahezu allen Stellen des Asylverfahrens schier unüberwindbare Hürden und Hindernisse. Zur mündlichen Verhandlung am 8. Juli wurde P., der das nach eigenem Bekunden „nicht mehr erwartet hatte“, nach Deutschland eingeflogen - und kann nun einstweilen hier sein Asylverfahren weiter betreiben.

Denn die 7. Kammer des Verwaltungsgerichts sah angesichts der Fülle der Berichte das Ermessen des Bundesamts für Migration und Flüchtlinge „auf Null reduziert“ und verpflichtete Deutschland zum Selbsteintritt. Deutschland müsse P. ein den EU-Richtlinien entsprechendes Verfahren gewähren, da zu erwarten sei, dass er es in Griechenland nicht bekommen werde - eine Begründung, die für eine Vielzahl von Fällen Gültigkeit beansprucht. Seit dem vergangenen Freitag läuft nun die Monatsfrist, innerhalb deren das Bundesamt entscheiden muss, ob es gegen das Urteil vorgehen und zunächst einen Antrag auf Zulassung der Berufung stellen will - freilich mit dem Risiko, dass eine bestätigende Entscheidung einer höheren Instanz noch größere Strahlkraft entfalten würde.

P. wohnt mittlerweile in einer Gemeinschaftsunterkunft für Asylbewerber im Landkreis Bergstraße im Süden Hessens. Wenn er in Deutschland bleiben darf, sagt er, würde er gern Musik studieren.

Von Friedrich Schmidt

Fonte: Faz.net (Frankfurter Allgemeine)