quarta-feira, 22 de outubro de 2008

VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NA ÍNDIA

A situação de milhares de cristãos na Índia está criando uma leva de refugiados e desamparados.

Para entender o que acontece:

Mais de 60 pessoas morreram e 50 mil tiveram de abandonar as suas casas, na Índia, devido à violência de fundamentalistas hindus contra cristãos, noticia a agência católica Ecclesia, citando a Rádio Renascença, escreve a Lusa.
Os ataques sucedem, há dois meses, em especial no Estado de Orissa, onde uma freira foi incitada, por cinco mil mulheres hindus, a casar-se com o seu violador.
Casas e igrejas são destruídas, as linhas que delimitam os terrenos privados são retiradas, as terras ocupadas e divididas entre os agressores.
Os poucos cristãos que ficam nas aldeias são obrigados, sob ameaça de morte, a converter-se ao hinduísmo.
Para os que se recusam, há um castigo: são obrigados a profanar bíblias, a agredir cristãos e, nalguns casos, a beber urina de vaca, considerada «purificadora» para alguns hindus.
O padre Ajay Singh, um dos poucos a ter acesso aos campos de refugiados, descreveu que «os cristãos estão a ser tratados como animais».
«Recebem um cobertor por família, não existe qualquer sistema sanitário ou de higiene. Mais trágico é que nem sequer lhes é permitido rezar, estão constantemente a ser observados pelas forças de segurança», contou. Um casal terá sido intimado a rejeitar a religião cristã, o marido aceitou mas a mulher, grávida de sete meses, recusou e pagou um preço: terá sido esquartejada pelos hindus. Há relatos de pessoas, incluindo crianças, regadas com gasolina e incendiadas. (IOL Diário)

A reação veio principalmente da Igreja, através da agência Ecclesia:

Cristãos de várias confissões pediram hoje às Nações Unidas o estatuto de refugiados sem pátria para os cristãos do Estado indiano de Orissa, onde os ataques de fundamentalistas hindus já causaram mais de 50 mil deslocados.
O apelo, citado hoje pela agência noticiosa católica Ecclesia, foi feito pelo presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos, depois de ter sido encerrado um campo de refugiados, que acolhia cristãos perseguidos, deixando 900 pessoas sem sítio para onde ir, uma vez que não serão aceites nas suas aldeias caso não se convertam ao hinduísmo.
Em carta dirigida às Nações Unidas, Sajan K. George, fala em centenas de mortos, frisando que "a comunidade cristã parece ter perdido toda a fé na capacidade do governo para proteger a vida e a propriedade dos seus cidadãos, especialmente quando estes pertencem à minoria cristã".
O Conselho Global de Cristãos Indianos é um movimento que agrega cristãos de várias confissões.
Na sexta-feira, a Conferência Episcopal da Índia indicou que mais de 60 cristãos foram mortos, desde Agosto, em Orissa, depois do assassínio de um fundamentalista religioso hindu.
Dezenas de casas e igrejas já foram destruídas.
A Índia tem 1,1 mil milhões de habitantes, dos quais 80 por cento são hindus, 13 por cento muçulmanos e 2,4 cristãos. (Agência Lusa)

O diagnóstico é simples: quanto maiores as rivalidades entre etnias/religiões/facções, mais complexos e efetivos devem ser os mecanismos de acolhimento das vítimas.
Antes de um problema social, vemos nesse caso um desrespeito geral pelos direitos humanos, necessitando-se de ações tanto por parte do ACNUR e de suas redes, como de outros organismos de intenção pacificadora ligados à ONU, uma vez que o Estado, por si, não tem capacidade de suportar esta magnitude de acontecimentos.

Natália

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